O jornal Tempo Novo nasceu na virada de 1983 para 1984 pelas mãos de um jovem chamado Eci Scardini, mais conhecido como Gerereu. Não obstante ter sido criado – e ser assim até hoje – como um veículo regional dedicado ao município da Serra, o nome escolhido por Gerereu alude ao tempo novo que chegava ao Brasil. Eram os últimos atos da ditadura militar e aurora da redemocratização, que chegaria em 1985 e desdobraria na eleição presidencial de 1989.
Ontem (03) o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seu séquito elevaram ainda mais o tom de uma escalada de agressões à democracia, pedindo instauração de um regime autocrático com fechamento do Congresso e STF. Uma afronta à Constituição de 1988, conquista que custou muito sangue, suor e lágrimas de brasileiros.
O comportamento de Bolsonaro é indefensável e inaceitável. A violência de seus seguidores à imprensa – ontem as vítimas foram profissionais do Estadão – é emblemática e escancara o viés autoritário do bolsonarismo. Já deu ruim. Um governo como esse em plena pandemia só piora a crise humanitária que já seria grave mesmo que tivéssemos uma gestão sensata no comando do Planalto.
Vale o adágio: ‘Não há nada tão ruim que não possa piorar’. Sim, pode ficar muito pior se Bolsonaro e seu séquito não forem imediatamente contidos. E não vão resolver notas públicas ou declarações condenando as atitudes do presidente. É preciso atitude. E se tiver que ser um longo e doloroso processo de impeachment, que seja. Esses 16 meses de gestão Bolsonaro já provaram que o país consegue andar, minimamente, sem uma presidência da república funcional.
Cabe também as Forças Armadas um posicionamento público, se avalizam o desejo autoritário do presidente ou se permanecem leais aos preceitos da Constituição. E para ontem.
Líder conservador britânico e um dos artífices da derrocada do nazi-fascismo na Europa, Winston Churchil, disse que “a democracia é pior dos regimes políticos, mas não há nenhum sistema melhor que ela”. Sem a democracia, não há liberdade política, de expressão, artística, de imprensa.
É com a democracia que temos de enfrentar a pandemia. Sigamos com ela para engendrar o pós pandemia. É por dentro do regime democrático que se deve buscar caminhos efetivos para dissolver a obscena desigualdade social do Brasil, que talvez nunca tenha ficado tão clara quanto agora. Sempre deve ser tempo de democracia.
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