No final da tarde desta quarta-feira (13), dois jornalistas do jornal Tempo Novo, se encaminharam até a Câmara da Serra para acompanhar dentro do plenário a sessão ordinária desta quarta. A Câmara está imersa numa guerra política que tem como pivô o presidente da casa de leis, Rodrigo Caldeira.
Ao se identificar como imprensa, o Controlador Geral da Casa de Leis, Fabão da Habitação, informou que os jornalistas não poderiam adentrar ao plenário.
A reportagem então, informou que é de direito da imprensa ter acesso ao plenário da instituição por se tratar de um ambiente público e que faz parte do trabalho do jornal encaminhar e acompanhar as informações ao morador da Serra. E que, caso a reportagem fosse tolhida deste direito constitucional o jornal Tempo Novo entenderia como um ato de censura.
O Controlador Geral da Câmara pediu um tempo e voltou ao interior da Câmara para conversar com o presidente Caldeira. Minutos após, o Controlador Geral chegou e informou novamente que a equipe estava proibida de entrar na Câmara devido ao alto nível de conflito entre os vereadores.
A reportagem explicou que o motivo da cobertura inloco na Câmara é exatamente devido a este clima de violência e rivalidade dentro do parlamento do maior município do Espírito Santo e que o jornal estava lá para transmitir aos leitores de forma mais fidedigna o que irá se suceder na sessão desta quarta (13).
A mando do presidente da Câmara, Rodrigo Caldeira, Fabão da Habitação, que é ex-vereador da Serra voltou a negar acesso do jornal ao interior da Câmara, fato este, nunca ocorrido durante os 38 anos de cobertura jornalística do jornal Tempo Novo, na Serra.
Por meio do diretor executivo, Eci Scardini, e do diretor de jornalismo, Yuri Scardini, o jornal Tempo Novo repudia veementemente o ato explícito de censura ao maior e mais antigo jornal da cidade e reafirma aos leitores o compromisso de levar a informação com mais alto nível de assertividade ao leitor mesmo que, para isso, seja necessária uma ação por vias legais.
Durante esses 38 anos, já passaram pela Câmara vários outros presidentes, que vivenciaram situações tão ou mais conflitantes quanto o atual momento e registra-se que em nenhuma vez jornalistas do jornal Tempo Novo foram impedidos de exercer a sua função.
Vale ressaltar que o acesso de equipes de imprensa ao plenário e as dependências internas do parlamento é uma prática comum, inclusive o próprio Tempo Novo, já fez inúmeras coberturas como esta, tanto na Câmara, como na própria Assembleia Legislativa, que apesar de ter caráter estadual e o veículo ter conotação local nunca teve o acesso negado.
O que está acontecendo na Câmara?
O presidente Rodrigo Caldeira entrou em conflito com 13 dos 23 vereadores que compõe a legislatura atual. O plano de fundo está na tentativa de Rodrigo segurar um requerimento em que os 13 parlamentares pedem a antecipação da eleição interna da Mesa Diretora. Expediente este, já usado pelo próprio Rodrigo Caldeira, num passado recente para se reeleger presidente, função pelo qual já ocupa por três mandatos.
Os 13 vereadores argumentam que a eleição interna marcada para novembro vai criar conflitos políticos na institucionalidade da câmara diante da proximidade com as eleições gerais que ocorrerão em outubro e em novembro, caso haja segundo turno.
O grupo argumenta também que a eleição interna feita em novembro possibilita um tempo muito diminuto para que a nova composição da Mesa Diretora faça uma transição em termos de gestão adequada e tecnicamente segura dado que a Câmara da Serra é o maior poder legislativo municipal do ES.
Na sessão da última segunda-feira (11), o clima entre os vereadores foi de muita agressividade, fato com que inclusive levou ao jornal Tempo Novo a necessidade de uma cobertura inloco. Naquela sessão, Rodrigo foi cobrado pelos 13 vereadores para que paute o requerimento que antecipe a eleição da Mesa Diretora.
O presidente não respeitou o pedido da maioria, sendo acusado “de ser imperador, autoritário” e sendo comparado com ex-deputado federal Eduardo Cunha, que foi cassado em 2016 e preso por corrupção.
Rodrigo Caldeira é presidente e usou da mesma ferramenta de antecipar a eleição da Mesa Diretoria na gestão da ex-presidente da Câmara, Neidia Maura Pimentel.
Caldeira também se notabilizou em 2019, ao ser pivô de uma crise institucional envolvendo a Câmara e o ex-prefeito Audifax Barcelos. Na ocasião, foram segurados projetos de interesse da população, como por exemplo, o que permitia a Prefeitura da Serra a contratar mais médicos para atender na Serra.
Rodrigo Caldeira é pré-candidato a deputado federal e tem como discurso a renovação política e analistas políticos entendem que a guerra institucional na Câmara vai gerar desgaste ao pré-candidato