Yuri Scardini
Vai chegando o final do ano e estão todos cansados, aguardando as festas e a virada de ano com paz e tranquilidade. Essa pode ser a realidade de alguma cidade do Brasil, mas definitivamente não é da Serra. Aqui, a política está alvoroçada.
O pano de fundo obviamente é a eleição de 2020, mesmo que ainda pareça muito distante. As forças políticas locais estão se reorganizando a partir dos resultados colhidos na eleição desse ano em busca de engordar o capital político nestes dois anos que separam os dois pleitos.
A anunciada aliança entre o prefeito da Serra Audifax Barcelos (Rede) e o deputado Bruno Lamas (PSB), visando à sucessão a prefeitura parece que fez água. A razão fundamental é que Audifax viu em Bruno um aliado perigoso para seus futuros planos políticos. E o racha deve ser concretizado no final do ano, quando é aguardada a exoneração em massa de indicados de Bruno na Prefeitura. Enquanto isso, o prefeito promete renovar seu secretariado e extrair dali seu sucessor.
A família Lamas tem tudo para cair pra oposição, sustentados pelo governador eleito Renato Casagrande (PSB). E é isso que Audifax quer: polarizar com Casagrande e colocar seu nome para governador em 2022.
Outro foco de alvoroço é a situação do ex-prefeito Sérgio Vidigal (PDT). Com grandes chances de estar inelegível, por um processo que corre em 2º instância por nepotismo e/ou pelas contas de 2008 rejeitadas pelo TC-ES. O mercado se pergunta como deve se comportar Vidigal? Ele tem um expressivo capital político na Serra, e invariavelmente estará nas tratativas eleitorais, como candidato ou cabo eleitoral. Falta a Vidigal deixar de lado os interesses familiares e reestruturar um grupo político que se fragilizou em 2018.
O mercado aguarda também os próximos movimentos do deputado eleito Vandinho Leite (PSDB). Perspicaz político, ele é estrategista e respira política 24h, mas foi vítima de um conjunto de situações que provocaram uma espécie de isolamento. Hoje Vandinho busca um grupo para chamar de ‘seu’ com objetivo de dar suporte à futura candidatura de prefeito.
Com a impossibilidade de reeleição de Audifax e uma possível inelegibilidade de Vidigal, um ciclo de mais de 20 anos pode chegar ao fim em 2020. E essa é a novidade. Esse cenário tem assanhado lideranças ‘externas’. A exemplo o deputado Carlos Manato (PSL), que já foi da Serra e agora ensaia um retorno ao contexto local. Ele diz que vai lançar candidato no município, mas a aposta do mercado é que seja ele mesmo. E agora, surgiu o deputado federal eleito Amaro Neto (PRB), que abriu escritório na Serra e avisou: “Não descarto ser candidato a prefeito da Serra”.