Localizado na área rural do município em Aroaba e nas proximidades de onde está sendo implantado o Contorno do Mestre Álvaro, o Terminal Multimodal da Vale diversificou suas operações de carga. Há alguns meses, além do ferro-gusa, o espaço está sendo usado para armazenamento de fertilizantes químicos.
O TEMPO NOVO esteve no Terminal, que fica na estrada de Muribeca, já perto da divisa da Serra com Santa Leopoldina e Cariacica, na tarde da última terça-feira (5), e constatou que foram instalados três grandes silos cobertos por lonas brancas, que armazenam os produtos que chegam no formato granel.
De acordo com funcionários locais e caminhoneiros que falaram com o TN sob a condição de não terem o nome divulgado, são três os tipos de adubos: ureia, KCL (cloreto de potássio) e MAP (fosfato monoamônico). Eles contaram que o material é importado e chega pelo porto de Capuaba, em Vila Velha, sendo levado até Aroaba por caminhões truck e carretas basculantes. Os veículos chegam pela BR 101 e entram na estrada rural de Muribeca, entre a Serra Sede e o posto da PRF.
No Terminal, que é mais conhecido na região como pátio de ferro-gusa da Vale, as substâncias químicas são armazenadas nos silos. Dali, elas são embarcadas no trem – a ferrovia Vitória-Minas passa ao lado da estrutura – e levadas para a região Centro Oeste do país, onde são empregadas como insumo do agronegócio.
Por sua vez, o armazenamento de ferro-gusa continua acontecendo no pátio. De acordo com outro funcionário da Vale, que também topou falar se não tivesse o nome revelado, o ferro-gusa é um produto industrial obtido a partir do processamento de minério de ferro e é matéria-prima para a fabricação do aço.
O ferro-gusa que circula no pátio vem de trem de siderúrgicas de Minas Gerais. É armazenado no pátio de Aroaba e, também por modal ferroviário, levado ao porto de Tubarão para exportação e para atender demanda da ArcelorMittal Tubarão. Nem esse funcionário nem outras pessoas que trabalham em Aroaba ouvidas pela reportagem souberam dizer se também há escoamento de ferro-gusa para outros portos do Espírito Santo. Também não informaram se são usados caminhões para o translado do gusa em terras capixabas.
Naja
As operações no pátio da Vale em Aroaba estão sendo feitas pela empresa Naja Controle e Serviços de Carga. O site da Naja diz que a empresa foi criada por um empreendedor que prestou serviços por 35 anos à Vale e que é especializada na movimentação de carga no Terminal Multimodal de Aroaba.
A reportagem ligou diversas vezes para o telefone disponível no site da Naja, mas mensagem indicava que o telefone não estava apto a receber chamadas. Ontem (7), a equipe do TN foi à sede da empresa num prédio em Jardim Camburi, Vitória. Mas a Naja se mudou de lá e funcionários do condomínio não souberam informar o destino.
Já a Vale, em nota enviada por sua assessoria de imprensa, disse que “não comenta relações comerciais específicas em função de cláusulas de confidencialidade”.
Gargalos ambientais
A Vale e a Naja estão enfrentando dois gargalos ambientais na região de Aroaba: um é a reclamação de moradores e produtores rurais ao longo da estrada de Muribeca sobre a poeira gerada pelo tráfego de caminhões; o outro é a denúncia desses mesmos moradores sobre o arraste de fertilizantes para córregos da região, que deságua no rio que abastece Serra e Vitória, o Santa Maria.