Por Ayanne Karoline
Conceder uma área com cerca de 500 metros quadrados para 32 famílias de ciganos, pré-cadastradas na Secretaría Municipal de Direitos Humanos. É o que a Prefeitura pretende fazer em Jardim Bela Vista, região da Serra-Sede. O objetivo é beneficiar 140 pessoas, mas a medida vem gerando polêmica entre os moradores dos bairros mais próximos.
A “Vila Cigana”, como será chamado o local, deve ficar ao lado da garagem da Serrana. A Prefeitura já estaria até negociando com a EDP Escelsa e Cesan para a instalação de energia elétrica e água, cujo consumo seria pago pelos ciganos.
O secretário adjunto de Direitos Humanos da Serra, Marlon Amorim, destacou que o projeto foi iniciado em 2013, com o estudo e cadastramento das famílias ciganas, que detectou a presença de um grupo que circula há 30 anos na cidade. Ele frisa que a área concedida não poderá ser vendida. “Existem crianças que nunca foram à escola e idosos que nunca se consultaram com um médico”, afirma.
Segundo Amorim, o objetivo é retirar essa comunidade das áreas públicas e alojá-la próximo à serviços básicos. “Ao mesmo tempo, eles estarão um pouco mais afastados da população. Desta forma, estaremos respeitando as diferenças culturais”, justifica.
A notícia não foi bem recebida pelas comunidades vizinhas. O presidente da Associação de Moradores de Jardim Bela Vista, Edson Reis, vê a situação com preocupação e reclama que a comunidade não foi consultada sobre o projeto. De Jardim da Serra, bairro vizinho, o líder comunitário José Alves também se queixa.
“A Prefeitura nunca nos procurou para dar detalhes do projeto. Não temos nada contra o grupo, mas entendemos que são costumes completamente diferentes”, argumenta.
A mesma visão tem o presidente da Associação de Moradores de Divinópolis, Rogério Rodrigues. Para ele as diferenças culturais são grandes e o histórico de convivência é complicado. “Acho que eles deveriam ser remanejados para uma área rural, que acomodaria melhor suas características”, sugere.
Mesmo com opiniões contrárias, o projeto tramita na Procuradoria Municipal e, posteriormente, deve ser despachado para a Câmara.