O Terminal Industrial Multimodal da Serra (TIMS) segue fazendo escavação em entorno da do sítio histórico da Igreja de São João de Carapina, construída no final do século XVI, em 1584, por jesuítas e índios e que poucos anos antes no terreno em foi erguida ocorreu dos milagres de São José de Anchieta. Ocasião em que o então Padre Anchieta fez um garoto mudo falar.
Sob a condição do anonimato por temer represálias, um morador de Carapina disse que escavadeiras foram vistas operando nesta sexta-feira (30) numa parte do terreno onde o TIMS já havia feito corte do talude no início do ano. Esse corte fica a menos de 100 metros das ruínas de um casarão antigo, que já havia desabado em parte no mês de março. E a aproximadamente 400 metros da igreja.
“Eles fizeram o corte no início do ano, mas depois pararam. Agora retomaram. Isso está angustiando a comunidade por causa dos danos que pode causar ao sítio histórico e às matas que ainda tem lá. Além disso a igreja é um local querido, um espaço de fé para os católicos do bairro”, disse esse morador.
O corte do terreno tem licença da Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Serra (Semma), emitida no início do ano. Mas em 2019 chegou a ser multada em R$ 130 mil, justamente por falta de licença e pelos riscos ambientais e arqueológicos que gerava ao sítio histórico. O valor da multa inclui também o uso de escória siderúrgica para aterrar uma área ao lado de um curso d’água na região dos alagados do Mestre Álvaro, vizinha ao sítio histórico.
Em nota enviada no início de março ao Tempo Novo, a Secretaria de Meio Ambiente da Serra informou que liberou a licença para escavação no início de 2021 após receber aval do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do Conselho Estadual de Cultura, este último responsável pelo tombamento da Igreja de São João de Carapina na década de 1980.
A placa da licença ambiental instalada onde está ocorrendo a escavação está em nome da empresa Andrade Gutierrez, concessionária que venceu a licitação para gestão do TIMS em 1991 (O Terminal é de propriedade da Prefeitura da Serra que concedeu o espaço à iniciativa privada).
Porém a Andrade Gutierrez entrou em contato com o Tempo Novo no início de março para dizer que vendeu para informar que não tem mais participação na concessão do TIMS desde 21/09/2018, tendo negociado essa participação para as empresas Nova Brasil Imobiliária S/A e Autovix Participações S/A. A Andrade Gutierrez acrescentou que pediria às novas controladoras para tirar o nome dela da placa.
No entanto, conforme verificou a reportagem, em 14 de abril a placa continuava com o nome da Andrade Gutierrez.
Placa
Na manhã desta sexta-feira, 07 de maio – uma semana após a publicação dessa matéria – a empresa responsável pelo TIMS entrou em contato com o Tempo Novo para informar que a placa sobre a licença ambiental finalmente foi trocada. A empresa que gere o TIMS agora é a AGTI Empreendimentos.