Por elas, Nagasaki e Hiroshima jamais sentiriam a atômica e devastadora dor que silenciou o mundo; e se dependesse delas sequer haveria a guerra, nem santa nem pagã. Nenhum estágio de insanidade bélica e mesquinha, que nega amar preferindo dizimar por diferenças seus semelhantes. Não foi delas a ideia de inventar máquinas de dor, de provocar horror e de impor medo através de terror.
Diametralmente contrário, é delas toda noção do compreender, tolerar, perdoar, acolher e proteger. É de seu signo materno que se vale a civilização pra continuar a existência humana.
Sabese lá quando e em que etapa de vida resolveram os caramanchões contrariar a obediência às mulheres.
Se tendo sido “fruto de seu ventre”, e se aconchegado ao seu corpo e sorvido seu leite; ouvido ali os primeiros sons, expressões, cuidados e carícias. Segurado em suas mãos, até o primeiro passo e preferido sempre retornar ao porto seguro de seus braços.
Quando foi que arriscou distanciarse e mesmo assim olhar pra trás e buscar ver no rosto dela uma mensagem de “vá, mas volte”. Nunca deveriam os homens ir tão longe que perdessem de vista a dimensão da natureza, na presença da mulher.
Mas foi preciso elas próprias erguerem os punhos, encorajadas no entorno duma fogueira, enquanto queimavam sutiãs, exigiram o status de ser igual, de ser capaz, e ter poder. E foram além, rompendo velhos tratados, leis e culturas pra se estabelecer novo tempo, novo lugar, novo modo de considerar a presença da mulher.
Seja do alto do salto, de dedo em riste ou apenas na doçura do sorriso e do olhar, são elas quem tem arte, ciência e fazem, todos os dias, a vida acontecer.