No Congresso Brasileiro de Obesidade, realizado recentemente, um tema mostrou a relação entre o ritmo circadiano e o metabolismo e como as alterações desse ritmo podem ser um fator de risco para o ganho de peso. Dentre as várias causas de perturbação do ritmo circadiano, o trabalho noturno chamou atenção como um ponto crítico.
“Estima-se que entre 20% e 25% da população mundial trabalhe à noite. Pesquisas indicam que bastam 50 dias de trabalho noturno por ano, durante mais de duas horas entre 22h e 5h, para que uma pessoa seja considerada parte desse grupo de risco”, explicou a endocrinologista Gisele Lorenzoni.
Segundo as informações do congresso, estudos epidemiológicos têm demonstrado que os trabalhadores noturnos apresentam um risco aumentado de obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares, em pelo menos 20% em comparação com aqueles que trabalham durante o dia.
“Alguns estudos estão começando a explorar estratégias para diminuir os riscos associados ao trabalho noturno. Entre elas, destacam-se evitar o consumo excessivo de calorias durante o período noturno de trabalho, concentrando a ingestão de calorias principalmente até o início da tarde. Nos dias de folga, é recomendado respeitar o padrão circadiano normal, em vez do padrão imposto pelo trabalho noturno. Além disso, manter uma média de oito horas de sono por dia e estabelecer horários regulares para a prática de exercícios físicos também são recomendações importantes”, informou a médica Gisele Lorenzoni.
Embora as soluções para mitigar os efeitos negativos do trabalho noturno na saúde ainda estejam sendo pesquisadas, é essencial conscientizar os profissionais e empregadores sobre os riscos envolvidos. A implementação de medidas de apoio, como programas de orientação nutricional e suporte ao sono, pode ser um passo importante para preservar a saúde dos trabalhadores noturnos.