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Mestre Álvaro
Yuri Scardini é autor do livro 'Serra: a história de uma cidade' e escreve sobre política e economia

Triste notícia para bandidagem: Sandi Mori recusa promoção e vai ficar na Serra

Rodrigo Sandi Mori  Crédito: Divulgação

Péssima notícia para traficantes e homicidas que atuam na Serra: o delegado Rodrigo Sandi Mori vai continuar por aqui. A confirmação foi dada pelo próprio delegado durante a sessão comemorativa ao aniversário da Serra, realizada na Assembleia Legislativa no final de 2023. De acordo com o delegado, responsável pela Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa da Serra (DHPP), ele recebeu uma proposta de promoção para chefiar o Departamento de Homicídios da Grande Vitória em 2023, mas recusou a oferta.

“Me ofereceram para deixar a Serra e assumir o Departamento de Homicídios da Grande Vitória. Eu não quis, porque amo o município da Serra e ainda tenho muito a fazer aqui (…) a redução de homicídios significa a diminuição da sensação de impunidade. Hoje, os homicidas já cometem crimes com a certeza de que serão presos. Na Serra, se matar, será preso. Tenho total respaldo do meu chefe e do delegado-geral; e ninguém trabalha sozinho, até porque o trabalho em homicídios requer uma atuação conjunta, principalmente com a Polícia Militar, Guarda Municipal, Ministério Público e Poder Judiciário”.

Ainda segundo o delegado, a DPHH Serra atingiu mais de 90% de condenações do Tribunal do Júri da Serra. Isso significa que o trabalho policial que vai desde a coleta de evidências, entrevistas com testemunhas, análise forense, a abertura de Inquérito Policial encaminhamento ao Ministério Público, tem sido eficiente ao identificar e punir os culpados. “Hoje em dia os bandidos da Serra fazem acordo entre eles para não matar, porque sabem que serão presos. São condenações de 20, 25, 30 anos. Em 2024 estarei na DPHH da Serra, e se me deixarem eu vou aposentar lá”, disse.

Rodrigo Sandi Mori chegou ao Espírito Santo em 2012, vindo de São Paulo para realizar o curso de formação de delegados após ser aprovado em concurso público. Durante os estudos, ao saber que a Serra era o município mais violento do estado, decidiu que atuaria nessa cidade. “Desde o curso de formação de delegados, me apaixonei pela Serra. Tive a oportunidade de escolher vagas em Vitória e Vila Velha, locais considerados melhores na época, mas optei pela Serra, e todos brincaram: ‘tem certeza que vai para a Serra mesmo?’”, relembrou Sandi Mori.

O paulista trabalhou de 2012 a 2014 na Delegacia Regional da Serra (DPJ de Laranjeiras), quando foi convidado para integrar o plantão da DHPP da Serra. Em 2016, ele passou a chefiar a divisão. “Inicialmente, não me via trabalhando com homicídios, mas me especializei nessa área e descobri minha vocação. Lido com a pior espécie de criminoso, que é o traficante homicida. Conto com uma equipe muito competente e, gradualmente, fui agregando policiais altamente capacitados. Tenho orgulho de dizer que minha equipe é a melhor do estado do Espírito Santo”, afirmou.

Queda histórica de homicídios na Serra

Sandi Mori tem, de fato, muitos motivos para querer permanecer na Serra, já que uma parcela significativa dos avanços na segurança pública do município está diretamente relacionada ao trabalho do grupo que ele lidera na DHPP. Em 2008, a Serra registrou 432 assassinatos, alcançando a triste posição de líder no ranking de homicídios no Brasil, um título que por anos manchou a reputação da cidade e de seus habitantes. Após 15 anos, em 2023, a Serra registrou 117 mortes, o que representa uma redução de 72,9% em um período considerado curto para políticas de segurança.

De cidade mais violenta do Brasil, a Serra já não é a que mais registra homicídios no Espírito Santo, posição ocupada por Vila Velha em 2023. Em termos de assassinatos por 100 mil habitantes, a Serra está atrás de Cariacica, Vitória e Vila Velha. Particularmente, Vitória, com um IDH e renda per capita muito maiores, tem registrado mais homicídios que a Serra em termos proporcionais, uma situação impensável uma década atrás.

 

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