Há pouco mais de um ano, a gestão do esgoto sanitário no município é feita pelo consórcio privado Serra Ambiental, composto pelas empresas mineiras Sonel, Arterpa e Mauá Participações. Anunciada com pompa por governo do Estado e município como uma ação de vanguarda, justamente por ser a primeira Parceria Público Privada (PPP) de saneamento no ES, foi vendida como a solução para a baixa abrangência das redes de coleta; para a má qualidade do tratamento do esgoto e do recapeamento asfáltico das ruas pós-obras.
A PPP está sob a supervisão da Cesan, que recebe a taxa de esgoto na conta de água cobrada ao consumidor e repassa o dinheiro para o Serra Ambiental. Em contrapartida, o consórcio faz investimentos para ampliar a abrangência e melhorar a qualidade do serviço.
Até agora as melhorias prometidas não se fizeram sentir. Rios e lagoas do município seguem imundos. Reclamações sobre recapeamentos pós-obras de saneamento não cessaram. E pegou mal para a cidade as informações divulgadas na mídia estadual de que o esgoto saído de bairros da Serra contribuem com a poluição da praia de Camburi.
Nas praias da Serra há pelo menos sete pontos em que não dá para tomar banho por causa da poluição por esgoto. É o mesmo cenário de um ano atrás, isso se a situação não piorou. É legítimo que um grupo privado obtenha lucro com uma atividade essencial para a sociedade. Mais do que isto, é fundamental para que o negócio avance e todos saiam ganhando.
Mas, se esse lucro vem e a contrapartida é, no mínimo, duvidosa, vira mais um escárnio contra os capixabas. Não dá para falar que é este o caso do Serra Ambiental, mas os sinais até agora também não garantem que se afirme o contrário. O cidadão do ES já está escaldado com outras duas concessões de retorno questionável: a da Rodovia do Sol/Terceira Ponte e a da BR 101.