Por Bruno Lyra
A invasão que devastou área de mata Atlântica em Balneário Carapebus que protegia a lagoa de Carapebus, noticiada pelo Tempo Novo na edição passada, é só mais uma em meio a tantas que pipocam pela Serra rotineiramente.
Se a invasão de Carapebus, onde na semana passada já havia pelo menos duas casas de alvenaria erguidas, vai prosperar, não se sabe. Mas a julgar pelo que acontece historicamente na cidade, as chances são grandes.
As invasões acontecem por conta da especulação imobiliária que tornou inacessíveis os preços de imóveis das cidades brasileiras para uma grande parcela da população. Mas também pela ação de aproveitadores espertalhões que capitalizam política e financeiramente com a prática.
Há políticos – e na Serra não é exceção – que prometem desde a manutenção das pessoas na área invadida até cestas básicas e lajotas – em troca de votos. Ao mesmo tempo, há os profissionais que comandam as invasões e depois vendem, num preço muito inferior a um terreno legalizado, o quinhão conquistado. Quase sempre para famílias empobrecidas que não teriam como adquirir um imóvel regularizado.
Se vingar, a invasão vira uma ‘comunidade’ com ruas apertadas, assimétricas, becos. E com áreas sujeitas à inundação, deslizamento. Um prato cheio para proliferação de mosquitos e outros vetores de doenças. Para problemas de segurança pública, defesa civil e degradação ambiental. É obrigação legal do município coibir isso e ter política de habitação, junto com Estado e União, que contemple os mais pobres.
Este ano temos eleições municipais. Será que vamos ver mais uma vez as invasões proliferando na Serra sob a batuta de políticos, líderes comunitários e aproveitadores de ocasião? Ou será que nossas autoridades farão o certo? O tempo dirá.