Nunca houve segundo turno de eleição municipal na Serra. Essa experiência ainda está por acontecer. A cidade, que guarda tradições históricas e culturais, parece questionar isso na política também.
Desde os idos, sempre duas facções dominaram a política local. Entre os anos 60 a 80 essa peleja trazia as marcas “Feu Rosa” e “Castelo”. E caso algum candidato não trouxesse nome ou brasão das famílias, haveria que ter a chancela duma ou doutra.
Quando a chaminé-do-chão-de-fábrica superou a roça-de-abacaxi e a expansão urbana trouxe gente demais pra cá, isso influenciou a mudar o perfil das lideranças, mas não a dualidade.
Em 1982, sem tradição ou afinidade com as famílias, João Batista Mota desbancou velhas oligarquias, elegendo-se prefeito no sopro dos ventos da redemocratização brasileira. Cumpriu mandato de seis anos e lá vem de volta Zé Maria, o Cabeça Fria. Assassinado, foi o último do clã no Executivo municipal. E Mota retornou em 92 pro segundo mandato.
Quando o médico Sérgio Vidigal se elegeu, derrotou João Miguel, irmão de Zé Maria e na sua reeleição, mal, mal, teve competidor. Aliados, o economista Audifax Barcelos sucedeu ao psiquiatra Vidigal. Romperam e inauguraram novo duelo, com direito a cenas nos próximos capítulos.
Mas, nessa cidade com quase 300 mil eleitores e locomotiva econômica do Estado, que farão os novos atores desta cena política? Que farão Givaldo (PT), Vandinho (PSDB) e Bruno Lamas (PSB)? Assistirão a partida do alto da arquibancada? Ou levarão o jogo pra prorrogação?