Nessa semana que passou, colocando termo final na sua relação conflituosa com seu Partido PSL, o Presidente Jair Bolsonaro declarou sua saída da agremiação, bem como, principalmente, a pretensão de criar um novo partido para chamar de seu: o Aliança pelo Brasil.
Não terá dificuldades Bolsonaro para isso fazer, porque eleito com aproximadamente sessenta milhões de votos, necessitaria o mesmo apenas de em torno de quinhentos mil bolsonaristas para isso. Registrado o Aliança pelo Brasil até março de 2020, poderia o mesmo já participar das Eleições de 2020.
Mas o povo pergunta: pode mesmo Bolsonaro ter um partido para chamar de seu? Respondo como o personagem Chicó da obra teatral O Auto da Compadecida: não sei, só sei que é assim na política.
Exemplifico. Em agosto desse ano, aqui em Tempo Novo, foi noticiado que onze dos vinte e três vereadores de Serra migrarão para partidos diferentes daqueles que foram eleitos em 2016, visando disputar as Eleições de 2020. Isso é quase a metade dos membros da Câmara. Ou seja, aqui também, mandatários e aspirantes a candidato querem também um partido para chamar de seu.
Esse estado atual das coisas na política brasileira diagnostica dois males interligados na nossa democracia, qual sejam: o pluripartidarismo desenfreado e o excesso de autonomia partidária. Atualmente, existem trinta e dois partidos em funcionamento no Brasil. E, nada obstante sejamos uma sociedade multicultural, certo é que não somos tão fragmentados assim.
A afirmativa é comprovada pela similaridade dos programas ideológicos dos partidos existentes. É tudo praticamente a mesma coisa. Esquerda, direita, e tico-tico no fubá. O problema é que as divergências internas nos partidos, próprias da convivência civilizadamente democrática, não são solvidas caseiramente. Pelo contrário, políticos perambulam entre os partidos políticos, por interesse ocasional próprio.
Não estão nem aí para a ideologia partidária. Citamos o rico exemplo de Bolsonaro que em duas décadas de política já transitou livremente por oito partidos. E isso somente é possível porque os partidos ainda vivenciam um sistema feudal: são propriedade de um senhor único. Logo, ditados segundo seus interesses egoísticos.