Mestre Álvaro

Uma das obras mais importantes para a Serra não é na Serra e Casagrande confirmou que vai fazer

Governador Renato Casagrande visitou a Serra no dia 13 e forneceu detalhes sobre as obras dos contornos de Jacaraípe e Santa Cruz. Crédito: Divulgação.

É evidente que o futuro da Serra passa pela ocupação territorial da faixa mais a oeste. Os dois principais projetos que vão impulsionar esse novo eixo de desenvolvimento urbano e econômico são o Contorno do Mestre Álvaro, já concluído pelo Governo Federal, e o Contorno de Jacaraípe, com previsão de inauguração ainda este ano. Essas duas obras prometem abrir novos espaços para continuar o avanço urbano da cidade, considerando o adensamento populacional da região leste, que inclui também as áreas verdes dos cinturões e fundos de vale, protegidos pela legislação ambiental.

Além dessas duas obras – uma já entregue e outra prestes a ser –, outro investimento em infraestrutura rodoviária pode ser um vetor de potencialização desse processo, embora, geograficamente, não esteja situado na Serra. Trata-se ao chamado Contorno de Santa Cruz, que é, na prática, uma nova rodovia estadual que contornará Nova Almeida, conectando-se diretamente à bacia do rio Piraqueaçu em Aracruz, e interligada ao próprio Contorno de Jacaraípe.

A obra inclui a construção de uma nova ponte sobre o rio Reis Magos, contornando Praia Grande, em Fundão, e terminando em Santa Cruz. Portanto, representa uma nova rota alternativa à ES-010 e à BR-101 entre a Serra e a região norte do Espírito Santo, especialmente na cidade de Aracruz, que se encontra no centro de um dos maiores processos de expansão logística portuária do Brasil. Esse potencial será ampliado nos próximos anos, ancorado na inclusão da cidade na área de abrangência da Sudene e na implantação de uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE).

Casagrande visitou a Serra no dia 13 de março e confirmou à coluna Mestre Álvaro sua intenção de executar a obra. Ele também fez importantes observações sobre a obra do Contorno de Jacaraípe, que faz parte desse plano de interligar a Serra ao complexo portuário-industrial em formação em Aracruz. Segundo Casagrande, o Contorno de Jacaraípe será entregue no segundo semestre deste ano. Questionado sobre a intenção do Governo do Estado em dialogar com a Suzano, ele confirmou que haverá uma abordagem com o objetivo de incentivar a empresa a explorar o potencial imobiliário de suas áreas para a abertura de um novo eixo de negócios na região.

É importante lembrar que a Suzano, gigante mundial da celulose, possui quase 10% do território da Serra, áreas essas pertencentes à antiga Aracruz Celulose, que se fundiu com a Fibria e, posteriormente, com a Suzano, criando uma globalizada indústria de transformação que produz celulose a partir do eucalipto. Essa área está localizada entre Nova Almeida e Jacaraípe, resultando em um grande vazio entre esses dois balneários ocupada pelas zonas de eucaliptais. As áreas da Suzano se estendem pelo vale da lagoa Juara, por onde passará o traçado do Contorno de Jacaraípe.

Casagrande acredita que a própria empresa perceberá que a obra valorizará a área e incentivará a venda, consequentemente dinamizando a ocupação, voltada tanto para habitação quanto para a indústria e a atividade logística. Com a conclusão dessa obra, iniciará o que o governador denominou de “segunda fase”, que é o segundo Contorno, conectando Nova Almeida até Aracruz.

“Vamos construir uma estrada contornando Praia Grande e Santa Cruz, conectando à ponte do rio Piraqueaçu. A partir daí, faremos mais dois contornos em Aracruz, o norte e o sul. Esse investimento em infraestrutura logística vai conectar a Serra a Aracruz. A área portuária será integrada e próxima de toda a área industrial na Serra”, disse Casagrande.

De acordo com governador, o edital da obra já foi lançado, e nas próximas semanas será anunciada a empresa vencedora da licitação. A modelagem escolhida é o Regime Diferenciado de Contratações (RDC), que permite maior flexibilidade na definição do projeto básico, no qual o mesmo contratante é responsável tanto pelo projeto quanto pela execução da obra. Casagrande informou que essa fase vai durar 6 meses. Após isso, começará a execução. Por isso, estima-se que, ainda no início do próximo ano, o investimento comece a ser implementado.

O projeto será financiado com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), prevendo-se a construção de 36 km de rodovias, num investimento de R$ 1,5 bilhão. Com a entrega do Contorno de Jacaraípe e, posteriormente, do Contorno de Santa Cruz, a região a oeste do litoral da Serra, acima da bacia hidrográfica do rio Jacaraípe, passará por uma revolução urbana, industrial e logística, inaugurando uma nova fase no processo de ocupação territorial. O plano de interligar a zona oeste de Jacaraípe ao norte do estado remonta ao governo de Nestor Gomes de Aguiar (1920-1924), seguido pelos governos de Florentino Ávidos (1924-1928) e Aristeu Borges de Aguiar (1928-1930), sendo arquivado após a revolução de 1930.

Nas décadas seguintes, influenciada pela ideologia rodoviária do Regime Militar, a ES-010 foi traçada pelo litoral, e a BR-101, pela parte continental, atravessando a Serra Sede, então centro econômico e agrícola da cidade. Assim, a faixa oeste de Jacaraípe ficou à margem do processo de urbanização, situação agravada pelo plantio extensivo de eucalipto, que limitou a ocupação imobiliária e a dinamização econômica da área.

Atualmente, há uma oportunidade real, com financiamento internacional, de unir a obra já em progresso do Contorno de Jacaraípe a uma nova rodovia em direção ao centro do complexo portuário, logístico e industrial emergente em Aracruz. Essa área de Jacaraípe faz parte do distrito de Nova Almeida, que já foi uma cidade, mas ficou excluída de diversos processos de desenvolvimento, inclusive do impulso dos “Grandes Projetos” capixabas, que redirecionaram investimentos a reboque do Complexo de Tubarão para o Planalto de Carapina, estabelecendo Laranjeiras como o novo centro urbano.

Se os contornos de Jacaraípe e Santa Cruz forem realizados (com o primeiro já em fase final de execução), a Serra entrará em um novo momento, potencialmente facilitando a expansão populacional contínua. A cidade cresce cerca de 10 mil habitantes por ano, e apenas avanços estruturantes como esses permitirão acompanhar esse ritmo, conciliando crescimento populacional com a capacidade de investimento e custeio do poder público municipal em uma lógica de demanda escalonar.

Yuri Scardini

Morador da Serra, Yuri Scardini é repórter do Tempo Novo. Atualmente, o jornalista escreve para diversas editorias do portal, principalmente para a editoria de política.

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