Em meio à pandemia causada pelo novo coronavírus, as redes sociais estão sendo tomadas de informações falsas. Entre essas fakes news, estão aquelas que prometem um remédio preventivo ou milagroso para a Covid-19, que já matou 468 moradores da Serra e infectou 13.194 pessoas só na cidade. O TEMPO NOVO conversou com uma infectologista, que além de desmentir as notícias sobre tratamento preventivo contra o vírus, também alertou para os problemas que podem ser causados por conta de uso prolongado de medicamentos, sem prescrição médica.
Rubia Miossi, médica infectologista da Unimed, disse à reportagem que, até o momento, não existe nenhum medicamento que previna a Covid-19. “Não existe uma medida preventiva com base em remédios para o coronavírus. Tudo que existe até o momento são pessoas, que estão sugerindo por conta própria algumas profilaxias, mas sem nenhuma base científica definida. Se procurar mesmo, não existe nenhum artigo publicado que aprove ou justifique essas medidas”, explicou a médica.
Ainda segundo Rubia, o uso prolongado de alguns medicamentos que estão sendo sugeridos por pessoas comuns, pode causar graves problemas no fígado. “Nenhuma medicação, nenhuma mesmo é isenta de eventos adversos. No caso da ivermectina [medicamento para piolhos e outros parasitas que tem sido muito utilizado na tentativa de prevenção do coronavírus] se tomada em doses superiores as recomendadas ou por tempo muito prolongado, existe risco de quatro toxicidades, ou seja, uma intoxicação do fígado. Isso não é teórico e já aconteceu mais de uma vez”, disse a infectologista.
E continuou: “Pacientes inclusive precisaram de transplante de fígado. É todo mundo que teve esse problema? Não, mas a gente não tem como prevê quem é que vai desenvolver esse tipo de problema. Vale lembrar que nesse período de pandemia, os transplantes não estão sendo realizado da mesma forma e facilidade que tinha antigamente. Já não é muito fácil conseguir, principalmente nesse momento de pandemia.”
Pelas redes sociais, inclusive de moradores da Serra, a divulgação de uso desses remédios, principalmente a ivermectina é comum. A hidroxicloroquina também é muito comentada, principalmente após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recomendar o medicamento, mas sem possuir nenhuma comprovação científica que ele funciona.