Acionistas da Samarco, a brasileira Vale (49%) e a anglo australiana BHP Billiton (51%) prometeram na última sexta (27) que criarão um fundo para a revitalização do rio Doce. O manancial foi devastado pela lama de rejeitos da extração de minério que vazou após o rompimento da barragem de Fundão, gerida pela Samarco, em Mariana – MG no último dia 05 de novembro.
A contaminação ainda não foi estancada e, além do rio, agora se espalha no mar, no litoral do ES. A assessoria da Vale informou que o valor do fundo ainda não foi definido, mas já adiantou que além de recursos da mineradoras deve buscar apoio financeiro adicional de outras instituições privadas, públicas e ONGs.
Segundo a assessoria da Vale, o fundo terá um comitê que vai orientar os investimentos e cuidará da aprovação orçamentária. O número de participantes ainda não foi definido, mas terá representantes dos setores público e privado.
Haverá também uma equipe responsável pelo seu gerenciamento, de acordo com as metas estabelecidas. O fundo contará ainda com uma auditoria independente. Entre as ações previstas, estão o reflorestamento da mata ciliar e reintrodução da fauna aquática, esta última duramente impactada pela lama.
Reserva
O Fundo vai utilizar mudas da Reserva Natural Vale (RNV) no projeto de recomposição da mata ciliar do Rio Doce. Considerada uma das maiores áreas protegidas de Mata Atlântica brasileira, com 23 mil hectares, e mantida pela empresa em Linhares (ES) desde 1950, a Reserva tem viveiro com capacidade para produzir de três milhões de mudas de espécies nativas por ano, com possibilidade de ampliação para cinco milhões.
A Vale também diz que desde 2008 repassou R$ 4 milhões ao Instituto Terra do fotógrafo Sebastião Salgado, que faz um trabalho de reflorestamento e capacitação de profissionais visando a recuperação de nascentes na bacia do rio Doce. O Instituto fica em Aimorés – MG. E que aderiu ao Programa de Disponibilidade de Água do Rio Doce (PDA Doce), promovido pelo Instituto BioAtlântica.
Mineradoras e Governo levam ‘dura’ da ONU
Na semana passada a Organização das Nações Unidas (ONU) criticou o Governo Brasileiro, a Vale e a BHP Billiton por conta do desastre de Mariana e da resposta em relação às consequências humanitárias e ambientais. E pediu ação imediata para proteger o ambiente e as pessoas sobre os riscos tóxicos do derramamento.
Já a assessoria da Vale disse que desde o primeiro dia do rompimento da barragem de Fundão, a empresa está ajudando a Samarco e as populações afetadas.