Prioridades para o próximo mandato, relação com o governador Paulo Hartung (PMDB), com o ex-governador Renato Casagrande (PSB), eleição da mesa diretora da Câmara e a luta pela vida no período em que ficou hospitalizado com o agravamento da pneumonia durante o 1º turno da campanha eleitoral. O prefeito reeleito Audifax Barcelos (Rede) fala sobre estes e outros temas nesta entrevista concedida ao jornal Tempo Novo na última segunda-feira (21). Confira:
O que o senhor considera como principais desafios da próxima gestão?
A saúde. No 1º mandato foi também, mas coloquei em paralelo a questão da habitação, onde entregamos casas em Ourimar, Costa Dourada, Novo Horizonte, escrituras em Divinópolis, mas não concluí. Agora vamos entregar mais de 20 mil escrituras. Assim como também puxei para nós a segurança, com a criação da Guarda Municipal Armada. Mas não foi fácil, tive dificuldade para implantá-la até junto à Câmara. Só falta respeitar o prazo de três meses após a eleição para a Guarda ir para a rua. Mas nesse mandato o foco maior será a saúde. Vou criar um conselho gestor ligado diretamente a mim e trazer a saúde para o meu colo. Até pela experiência pessoal que passei.
Vai haver mudança no comando da secretaria de Saúde?
Mais importante do que mudar nome e equipe é o prefeito trazer para o colo dele essa questão, assim como fiz com a segurança e a habitação.
A arrecadação está em queda e a demanda pelos serviços públicos não cai. Como administrar a cidade neste cenário?
Vamos rever os gastos toda a semana, fazendo revisão de contratos e do custeio da máquina. Com a crise, a demanda de serviços aumenta e diminui a receita. Por exemplo, o número de alunos na educação infantil aumentou, muitos pais não podem mais pagar creches particulares. Na UPA de Carapina, recebemos este ano 10 mil pacientes que não são da Serra. Tem ainda os moradores que perderam seus planos de saúde e agora procuram a rede pública.
O município está no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal no gasto com pessoal. Como equacionar isto?
É impossível aumentar a receita em menos de um ano. Hoje todos os cargos comissionados recebem 25% a menos. Vamos cortar nos meses de novembro e dezembro no mínimo 200 cargos comissionados de um total de 600.
Na campanha o senhor teve apoio de 11 partidos, parte do PT e o PMB que chegou no 2º turno. Qual será o critério para contemplar lideranças dessas legendas?
Estes partidos vieram pela questão programática entendendo que nós éramos o melhor projeto para a cidade. E por questões políticas. Quadros desses partidos serão candidatos a deputado, então tenho compromisso de ajudá-los. A relação não foi na troca de cargos comissionados.
Quais mudanças o senhor fará no secretariado?
Mudanças são necessárias . A vantagem de uma reeleição é que essas mudanças podem acontecer agora ou no início do ano que vem. Temos que fazer com calma, pois não iremos fazer uma corrida de curto prazo, mas de longo.
No atual mandato o senhor teve muita dificuldade com a Câmara. Agora, aliados seus como Guto Lorenzoni, Luiz Carlos Moreira, Alexandre Xambinho e Miguel da Policlínica almejam o comando. Como conciliar interesses de seus apoiadores?
É preciso pensarmos de forma coletiva, não nas questões pessoais. Agindo dessa maneira, todos sairemos ganhando. Do contrário, todos perdem. Eu quero paz, então estou chamando para a paz e espero que isto aconteça. Se não acontecer, vou respeitar também, tive que conviver com a adversidade nos últimos dois anos. São bons nomes que você citou, mas há outros nomes também.
Por exemplo?
A gente sabe que esses quatro nomes estão sendo colocados (Guto, Moreira, Xambinho e Miguel). Mas acima dos nomes, minha preocupação é independência e harmonia.
Há obras do Estado paradas e outras que nem começaram na Serra. No Orçamento de 2017 também está prevista redução de repasses do Estado. O senhor espera uma aproximação maior com o governador Paulo Hartung (PMDB)?
O governador sabe do tamanho dessa cidade, que é a maior do ES, a 2ª que contribui com o PIB do ES, a maior população. Estive com ele na última quarta (16) e cobrei, com clareza e independência, mas de forma respeitosa e harmoniosa. Falei com ele das duas escolas paradas, da estrada Jacaraípe x Nova Almeida, do Contorno do Mestre Álvaro, do Faça Fácil.
Ficou acordado algo entre o senhor e o governador em relação a isso?
Ele prometeu que as obras paradas serão retomadas, vai começar o contorno do Mestre Álvaro ainda este mês. Fiz uma proposta para fazer pista simples ao invés de dupla na estrada Jacaraípe x Nova Almeida, mas mantendo a ciclovia. Até citei o exemplo na Serra-sede x Jacaraípe (Rodovia Audifax Barcelos) onde fiz pista simples, mas deixei as desapropriações prontas para receber pista dupla no futuro. Ele gostou da proposta, isso vai reduzir o custo da obra em 40%.
Ao vencer as eleições o senhor disse que havia acabado a polarização na cidade. O prefeito vai tentar voltar a dialogar com o deputado federal Sérgio Vidigal (PDT)?
Nessa conversa de quarta-feira com o governador tocamos nesse assunto. Ele (o governador) falou que teria um almoço (com Vidigal) na sexta (18) para conversar sobre isto. Não sei se teve sucesso. Mas tenho consciência, até pela questão espiritual, que preciso fazer (procurar Vidigal). É um compromisso. Se ele não quiser, vou entender.
O senhor tem planos para fortalecer a Rede pensando em 2018. O governo do ES ou mesmo um senado é possibilidade?
Estou focado em fazer um bom mandato como prefeito. Paralelo a isso, não de forma focada como tocar essa cidade, a gente precisa fortalecer a Rede. Estarão vindo alguns candidatos nossos a deputado estadual e federal. O objetivo é a Rede ser um ator importante em 2018, com todo respeito a todo mundo. Já temos o projeto nacional de Marina Silva presidente, também queremos um projeto estadual.
O ex-governador Renato Casagrande (PSB) o ajudou na reeleição. O protagonismo da Rede em 2018 não poderia enfraquecer Casagrande?
Fiquei muito feliz e grato com ele. Há dois anos nós fizemos isso para a candidatura dele. O PSB faz parte do nosso governo, detém a vice, tem o projeto da reeleição do Bruno (Lamas, dep. Estadual). A minha saída do PSB foi sem trauma, de forma tranquila. É um bom companheiro (Casagrande), mas estamos em partidos diferentes. E a Rede quer ser alguma coisa em 2018.