Eleito presidente estadual do PSDB, o deputado Vandinho Leite colou no governador de São Paulo, João Dória, e pretende refundar o partido por meio de um “duro código de ética” para cercar filiados envolvidos em casos de corrupção. Nesta entrevista, ele defende a expulsão de ex-caciques como Aécio Neves e Beto Richa. No Espírito Santo, um de seus primeiros atos foi afastar e pedir a expulsão da prefeita de Presidente Kennedy, Amanda Quinta, presa em flagrante na Operação Rubi. Na Assembleia, Vandinho se diz “independente” e critica “submissão” de parlamentares ao Governo. Além disso, o deputado quer se articular para lançar 40 candidatos a prefeito em 2020, e a Serra, claro, está na mira.
O PSDB diminuiu de tamanho na eleição de 2018 e agora tenta se renovar pelas mãos do governador de São Paulo, João Dória. O que esperar do partido?
O grupo liderado por Dória tem colocado pontos que eu sou totalmente favorável e tenho, inclusive, replicado isso aqui no estado. Precisamos ser mais duros em casos de corrupção que acabaram denegrindo a imagem do partido em um passado recente. Assim como Dória eu defendo uma faxina ética com a formulação de um código sério sobre o tema.
O que fazer com ex-caciques como Aécio Neves e Beto Richa, que, mesmo envolvidos em caso de corrupção, seguem nas fileiras do partido?
O PSDB tem que expulsar estes dois que você citou; não só eles, como qualquer um que usa o partido para cometer ilegalidades e enriquecimento ilícito. A política devia ser um caminho de esperança para a população, mas por conta de malfeitores, se transformou em uma coisa que a população enoja. E é isso que precisa ser mudado. Chegamos a um ponto que é chave: ou a política muda e se ajusta ou a nossa democracia estará em xeque.
Neste mês estourou o caso da prefeita de Presidente Kennedy, que é do PSDB e foi presa na Operação Rubi acusada de corrupção…
No momento em que tive conhecimento do caso, convoquei a Executiva, a afastamos do partido e abrimos processo de expulsão. Todos têm direito a defesa, é claro; mas esse é um caso gravíssimo. Ela foi presa em flagrante; portanto, era o que tinha que ser feito.
Como o PSDB nacional e, em especial, o diretório capixaba se posicionam em relação ao governo Bolsonaro?
Vamos apoiar os pontos importantes para a nação voltar a crescer. O PT quebrou o país e agora é preciso reconstruí-lo. Eu acredito no liberalismo do ministro Paulo Guedes, para o poder público ficar focado em temas como Saúde, Segurança e Educação e, também, nas iniciativas do ministro Sérgio Moro de combate à corrupção. Então, o que for bom para o país vamos defender.
O partido foi eleito dentro do palanque do governador Casagrande, mas você tem sido um crítico ao governo. Como vai ser essa relação?
Esse negócio de ‘oposição x base’ é coisa antiga. A população quer resultado e o PSDB não quer saber de briguinha. O que for bom para o estado, vamos apoiar; e o que não for, vamos criticar sendo propositivos, é claro. Essa é a função do Legislativo. Quando você trabalha assim, ajuda o governo a crescer, porque a gente consegue apontar os erros; o governo tem que se mexer para tentar ajustar. As legislaturas da Assembleia geralmente são muito submissas ao governo e em minha opinião isso é muito ruim para o estado. Além do mais, o governo não teve habilidade na montagem da equipe, nem tecnicamente e nem politicamente.
Quais são os planos para os tucanos capixabas em 2020, especialmente na Serra?
Hoje temos 15 prefeitos e 15 vice-prefeitos. Em 2020, temos condição de lançar 40 candidaturas a prefeito. A gente discute muito dentro do partido que as cidades precisam de um modelo de gestão com foco nos resultados. Na Serra, é natural uma discussão em torno de uma candidatura própria do partido. É claro que está ainda tudo muito cedo, mas há sim uma grande possibilidade disso ocorrer.