Clarice Poltronieri
O verão é o período que aumenta o consumo de peixes e mariscos, ainda mais com a presença de turistas nas praias. E na cidade, que possui 23 km de litoral, cerca de 600 pescadores trabalham para atender a demanda, que em alguns pontos da cidade chega a triplicar.
De acordo com o presidente da Federação Estadual das Associações de Pescadores Artesanais do Espírito Santo (Fapaes), Manoel Bueno, o Nego da pesca, o setor gera cerca de 3 mil empregos só no município.
“Temos cerca de 600 pescadores e para cada emprego direto são gerados quatro indiretos, ou seja, no total são 2,4 mil postos de trabalho. Este ano a procura por peixes e mariscos melhorou 50% em relação ao ano passado, onde perdemos muito por conta da crise da segurança pública. Só em Jacaraípe são vendidos de 6 a 7 ton a cada fim de semana. Estamos com mais turistas e alguns peixes, que tinham sumido voltaram a aparecer, como o caso do dourado”, explica.
O pescador de Bicanga, João Carlos do Nascimento, afirma que a procura por peixes triplica nessa época do ano. “A procura triplica e só em Bicanga temos cerca de 50 pescadores na temporada, mas alguns trabalham em outra área após o verão. Tem dia que vendemos cerca de 2 toneladas e a época também é mais farta”, salienta.
Mas em Manguinhos, a tradição da pesca tem se tornado difícil. O pescador Rafael Santos Barbosa, o Peroá, busca as mercadorias longe.
“Para manter a peixaria, busco pescado fora, especialmente nesta época que a procura aumenta em 80%. Aqui em Manguinhos só pesco para complementar, pois só tenho encontrado peroá, chicharro e pargo. Quem só vive da pesca aqui está em situação bem difícil. Creio que em cinco anos não teremos mais peixes”, afirma.
Lama da Samarco segue prejudicando atividade
Rafael ‘Peroá’ apontou que desde o desastre/crime ambiental da Samarco (Vale + BHP), onde os rejeitos de minério da barragem Fundão atingiram o litoral capixaba após descer pelo leito do Rio Doce, os peixes sumiram.
“Pesco há 30 anos e desde que a lama chegou ao litoral, os peixes sumiram. Tenho fornecedores de todo estado que apontam a diminuição do pescado em 70%”, denuncia.
Nego da Pesca também tocou no assunto. “Logo após o evento, nós mesmos tínhamos medo de consumir e de vender. Na Serra, as vendas caíram em 70% e ainda teve o impacto com a vinda de diversos pescadores do norte para cá.
Hoje as vendas normalizaram e os pescadores voltaram às suas origens, pois recebem auxílio. Mas continuamos cobrando mais estudos sobre o impacto desse desastre”, adianta.