Por Ayanne Karoline
Confirmando a previsão de especialistas e seguindo a maré de um ano de crise, as vendas do Natal de 2015 registraram baixa histórica no Brasil, a pior da última década. No Espírito Santo não foi diferente, as vendas recuaram em 7% em relação a 2014. Na Serra, segundo a Câmara de Dirigente Lojistas (CDL), o índice de retrocesso chegou a 5%.
Apesar da queda, o diretor da CDL Serra, José Antônio Puppin, afirma que o resultado poderia ter sido bem pior. “Conversei com alguns lojistas que apontaram um resultado mediano em vendas, o que é bom devido ao cenário. A última semana do ano e o início de janeiro estão bem movimentados e há esperança de uma recuperação”, diz.
Um dos casos de boas vendas no Natal foi o da loja de confecções Fabem, de Laranjeiras. Em ano de crise o estabelecimento dobrou de tamanho e registrou alta de 40% mas vendas natalinas. “O segredo pode estar no diferencial, já que atendemos a um público específico – moda feminina evangélica e plus size”, pontua o proprietário Alexandro Fabem.
A loja Blink Jeans, também de Laranjeiras, não teve a mesma sorte. As vendas amargaram a queda de 15% em relação ao mês de novembro e chegaram a uma baixa de 50% se considerado o Natal de 2014. “A partir do dia 15 de janeiro faremos uma grande liquidação na loja, com descontos de até 70% para tentar recuperar este fim de ano ruim”, explica a gerente da loja, Janaína Carvalho Faria.
De acordo com o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Espírito Santo (Fecomércio-ES) Fecomércio-ES, José Lino Sepulcri, uma série de fatores negativos, que vem se acumulando desde 2013, seriam os principais responsáveis pela crise no varejo.
“O aumento da meta da inflação – que começou projetada para 4,5% e depois passou para 6%, até chegar à casa dos 10,8% – aliada aos juros altos-, fizeram com que o consumidor gastasse menos, cerca de R$65 com cada presente, em média, enquanto no ano passado gastava-se cerca de R$ 120. A crise política também foi decisiva, pois criou um clima de desconfiança geral. Devemos aguardar novas ações do Governo antes de quaisquer outros prognósticos, mas é provável que tenhamos um primeiro trimestre bastante complicado”, prevê.
Lojistas fazem promoções e efetivação de temporários será menor
Com a baixa no Natal, faltaram clientes e sobraram produtos. Para sobreviver em 2016 e sair do vermelho, os lojistas devem intensificar as promoções em janeiro, como afirma o diretor da Fecomércio-ES, José Carlos Bergamim.
Ele explica que o consumidor está se guiando pelo preço e isto ficou bem claro em dezembro. Então não dá pra aumenta-lo, apesar de a inflação estar na casa dos dois dígitos. “Teremos de arcar com estes custos, que subiram muito. Faremos um esforço enorme para sobreviver aos próximos meses”, explica Bergamim.
Segundo o diretor a efetivação de temporários será menor. “Em anos anteriores ficávamos com 25% dos temporários, este ano esperávamos contar com 15%, mas o certo é que não haverá aumento, apenas substituições”, conclui.