Política

Vereador cobra investigação da empresa que fatura milhões explorando área pública de graça na Serra

Dr. William Miranda está em seu 1º ano de mandato como vereador da Sertra. Foto: divulgação.

Na sessão ordinária ocorrida da última segunda-feira (01), vereadores da Serra cobraram investigação do ‘Caso ‘Tims’, denunciado na semana passada pelo Jornal TEMPO NOVO (leia aqui). A reportagem exclusiva trouxe detalhes da suposta irregularidade cometida pela empresa Andrade Gutierrez Terminais Intermodais S.A (AGTI), que explora há 29 anos uma área pública de 2,4 milhões de m² e não paga nada para o município, descumprindo um dos principais termos da concessão, que é justamente o pagamento da tarifa de uso – hoje estimada em R$ 500 mil/mês.

De acordo com  um especialista na área imobiliária, nesses últimos 29 anos, teriam deixado de entrar para os cofres municipais cerca de 20 milhões – dinheiro que poderia ser revertido em melhorias na saúde e educação, por exemplo. O Terminal Industrial Multimodal da Serra, abreviado para Tims, é um polo Industrial construído em área pública e cedido a AGTI por meio de uma concessão firmada em 1992.

O Tims se vende como 'o maior e mais completo terminal multimodal do ES', no entanto explora uma área pública e não paga nada para o município da Serra. Foto: divulgação
Entrada do Tims: terreno concedido pelo Município à AGTI tem 2,4 milhões de m², dos quais a empresa constrói galpões e aluga para terceiros, sem pagar nada ao município.
Estima-se que 100 empresas estejam instaladas no Tims, inclusive gigantes como Petrobrás e Usiminas. Foto divulgação

A AGTI por sua vez ganha dinheiro explorando essa área com construção de aluguel de galpões. Estima-se que haja 100 empresas instaladas no Tims, todas pagando aluguel para a AGTI, que por sua vez nunca pagou nada para a Serra. O caso repercutiu fortemente na Câmara, puxado pelo vereador dr. William Miranda (PL), que também é advogado.

Ele cobrou investigação do caso e se for comprovada irregularidades, que a Prefeitura faça cumprir o contrato por parte da AGTI.

“Se tratam de denúncias gravíssimas; e nós, como órgão fiscalizador, devemos exercer o nosso papel e apurar os fatos que ali foram narradores. O termo de concessão precisa ser cumprido. A gente não pode permitir que essa situação continue do jeito que está enquanto várias famílias estão passando dificuldade na nossa cidade”, disse o vereador.

Assim como a reportagem salientou, o Tims tem uma grande importância econômica para a cidade, pois gera renda e empregos, no entanto, o vereador entende que isso não pode ser álibi para uma empresa ganhar dinheiro nas costas de uma cidade com tanta demanda social.

“Ninguém aqui está mencionando sequer a rescisão desse contrato; jamais. O Tims é um polo industrial de grande valia para a cidade. Gerador de emprego; gerador de tributos e é muito importante que ele continue lá. Mas assim como todos que devem, principalmente ao poder público, eles têm o dever moral de pagar, por estar utilizando uma área pública há quase 30 anos’, disse dr. William.

Tims foi criado em Lei no ano de 1991 na gestão do ex-prefeito Adalton Martinelli, de lá pra cá a AGTI explorou o terreno público sem pagar nada para o município. Foto: arquivo TEMPO NOVO /1996
Da esquerda para a direita: Alvanir, gerente da AGTI; Mario Amaro, diretor da Construtora Andrade Gutierrez; Walace Bresciani, secretário de Desenvolvimento Econômico da Serra; João Baptista da Motta, prefeito; Rubens Boechat, diretor da Construtora Andrade Gutierrez e Rômulo Lopes, procurador da Serra. Foto: arquivo TEMPO NOVO /1996more
Foto: arquivo TEMPO NOVO /1996
Foto: arquivo TEMPO NOVO /1996
Foto: arquivo TEMPO NOVO /1996

Ainda durante a sessão, o vereador propôs uma comissão especial para investigar o caso. “O nosso propósito é o de fazer com que o município receba o que é de direito. Se for preciso, vou apresentar a Mesa Diretora um pedido de CPI para que esses fatos sejam apurados porque eu entendo que são gravíssimos e devemos, sim, dar uma satisfação à população da Serra. O que é da Serra tem que ficar com a cidade para que sim, ela possa entregar para todos nós, habitantes, aquilo que é nosso de direito”, completou o vereador.

Outro parlamentar, o vereador Igor Elson (Podemos), também se pronunciou sobre o caso e cobrou investigação.

“Quero solicitar à Mesa Diretora para oficializar a Procuradoria municipal para levantar não só a veracidade dos fatos, mas os débitos; o termo de concessão, a validade, o tempo. Tudo aquilo que for necessário para repor aos cofres públicos, se de direito, nós estamos, através da nossa nobre Mesa Diretora; para oficializar a Prefeitura e solicitar as informações”.

Vereador Igor Elson também cobrou investigação da Câmara da Serra. Foto: divulgação
Yuri Scardini

Morador da Serra, Yuri Scardini é repórter do Tempo Novo. Atualmente, o jornalista escreve para diversas editorias do portal, principalmente para a editoria de política.

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