Bruno Lyra
Continua gerando polêmica o lançamento de resíduos com metais pesados que a Vale lançou em Praia Mole, perto do limite entre Vitória e Serra. Na última segunda-feira (08), a Comissão de Vereadores da Serra, criada para fiscalizar as licenças ambientais da Vale e ArcelorMittal, protocolou pedido de explicações ao secretário de Meio Ambiente da cidade, Marcos Franco.
Dias após o descarte da Vale, ocorrido entre 01 e 05 de dezembro do ano passado, Marcos Franco afirmou que os resíduos não tinham atingido a Praia de Carapebus, contrariando as denúncias de moradores e ativistas da região. Marcos também eximiu a mineradora da mortandade de peixes que ocorreu entre Manguinhos e Bicanga, justamente naqueles dias após o descarte.
O que a Comissão de Vereadores cobra são os dados da coleta de amostras, análises e resultados que fundamentam as afirmações do secretário. “Até porque o próprio Instituto Estadual de Meio Ambiente – Iema multou a Vale pelo descarte, informando que o material lançado tem metal pesado. Além disso,fotos feitas por drone mostraram a mancha amarelada no mar em Carapebus, vinda da direção da Praia Mole”, argumenta o presidente da Comissão, e autor do pedido de explicações, o vereador Fábio Duarte (PDT).
Já o secretário de Meio Ambiente da Serra, Marcos Franco, disse na última quinta-feira (11), que ainda não tinha recebido o ofício e por isto não se manifestaria sobre o assunto.
Mineradora não quer pagar multa
Na tarde da última quarta-feira (09) a Vale informou, através de sua assessoria, que entrou com recurso pedindo a anulação da multa de R$ 1,62 milhão aplicada pelo Iema. O órgão estadual disse que a assessoria jurídica do Iema vai analisar o recurso. Se após análise, a decisão for pela manutenção da multa, a empresa ainda pode recorrer do recurso junto ao Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema).
Nos últimos 15 anos a Vale recebeu pelo menos 25 multas aplicadas por Iema, Prefeituras da Serra e Vitória por danos ambientais provocados pelas operações em Tubarão, mas não pagou nenhuma. Mesmo assim a empresa segue sem dificuldade para renovar sua licença.
Inclusive o Iema está renovando a licença de operação da Vale. Para isto o órgão capixaba contratou a Sabesp, órgão ambiental paulista, ao custo de R$ 550 mil, para fazer um estudo sobre a poluição gerada pela Vale. Desse estudo sairá um acordo chamado Termo de Compromisso Ambiental (TCA), que deve ser assinado também pelos Ministérios Públicos Estaduais e Federal.