por Anderson Soares
A Vale e a Arcelor Mittal estão sendo alvo de duas comissões parlamentares de inquérito – CPI’s – que investigam a participação de cada uma delas na poluição do ar com emissão de pó preto em cidades da Grande Vitória. A primeira CPI foi instaurada na Assembleia Legislativa e a segunda, a menos de uma semana, por vereadores da Câmara de Vitória.
Seguindo o mesmo ritmo, vereadores da Serra estão avaliando uma terceira CPI para investigar os prejuízos causados à saúde de serranos que moram em bairros como Hélio Ferraz, Bairro de Fátima, Novo Horizonte, São Diogo, Cidade Continental e Praia de Carapebus.
O vereador Jorge Silva, o “Jorjão” (SD) disse ser favorável à abertura de uma CPI e que não é somente a cidade de Vitória a prejudicada com o pó preto das empresas investigadas. “Temos muitos registros de pessoas da nossa cidade que sofrem diariamente com a sujeira provocada pelo pó preto”, pontuou.
“Nós tentamos estabelecer um diálogo e quando não temos um resultado, aí entra a CPI”, declarou o vereador Paulo Viana, “Tio Paulinho” (PV) que reconheceu que a Câmara da Serra está atrasada sobre a discussão do tema que mobiliza diversos moradores de bairros da Grande Vitória.
Paulo Viana chegou a questionar a permissão dada à construção de apartamentos e shopping em São Diogo, no trecho que fica próximo à portaria principal da Arcelor Mittal. “Mais de 2 mil pessoas estão comprando casa ali. Quando elas passarem a conviver no local, também vão sofrer com os prejuízos provocados pelo pó preto, em algo que poderia ter sido evitado”, questionou.
O vereador Sebastião Sabino (PT) afirmou que a Arcelor Mittal prejudica mais os serranos do que a Vale. “Sou vereador há pouco tempo e até agora não havia chegado uma pauta com relação a esse assunto. Sou favorável à abertura de uma CPI desde que sejam discutidos assuntos pertinentes ao interesse da população”, afirma o petista.
Presidenta garante que instaura Comissão de Inquérito
O vereador Nacib Haddad (PDT) defende que os vereadores da Serra devem entrar no debate. “Estou colhendo as assinaturas dos colegas para podermos abrir a CPI. Já tenho doze assinaturas e só precisamos de oito”, afirmou o vereador no início da noite.
“Sabemos da importância dessas empresas para a Serra. Entretanto, existem sistemas mais eficazes para conter o pó preto, só que eles (as empresas) não querem gastar”, criticou Nacib.
A presidenta da Câmara, Neidia Maura Pimentel (SD), afirmou que após Nacib colher as assinaturas, a Mesa Diretora vai acolher o pedido de abertura da CPI do pó preto na Serra, pois entende a real necessidade. “A Câmara da Serra demorou a discutir o assunto. O pó preto é uma poluição invisível aos olhos humanos, mas que impacta diretamente a população do nosso município”, justificou Neidia.
Nacib criticou ainda, a postura do deputado estadual Bruno Lamas (PSB) que renunciou ser membro da CPI do Preto na Assembleia Legislativa.