A eleição interna da Câmara da Serra segue em escalada dos níveis de tensão; o grupo majoritário, que hoje (terça-feira, dia 12) conta com 14 parlamentares querem adiantar a escolha da Mesa Diretora para o próximo biênio (2023-2024), sob a justificativa de não misturar as questões internas da Câmara da Serra com as eleições presidenciais/estaduais marcadas para novembro – um mês antes do pleito geral (02 de outubro) e no mesmo mês do 2º turno (30 de novembro), caso seja necessário.
A antecipação da eleição interna da Câmara tem gerado forte pressão no atual presidente Rodrigo Caldeira, que também é pré-candidato a deputado federal. Na sessão ocorrida na última segunda-feira (11), os 14 vereadores se manifestaram em plenário pedindo que o requerimento assinado por eles seja colocado em votação pelo presidente – que não o fez.
Fato que potencializou o clima de tensão e acusações de vereadores em torno de Caldeira, de que ele estaria sendo “antidemocrático” e tendo sua imagem associada ao do ex-presidente da Câmara Federal entre 2015-2016, Eduardo Cunha, que teve o mandato cassado pelo plenário da Câmara dos Deputados após desmandos e escândalos de corrupção.
Ouvido pela reportagem do Jornal Tempo Novo, o vereador Saulinho da Academia, que encabeça o movimento pela antecipação da eleição e fala pelos 14 vereadores, disse que a intenção é ir “até as últimas instâncias judiciais” para “garantir a vontade da maioria e fazer valer o Regimento Interno da Câmara” e citou até a possibilidade de deposição de Caldeira da condição de presidente.
O presidente da Câmara foi procurado para dar a sua versão sobre os fatos que tem ocorrido na Casa de Leis. De uma forma muito sucinta e breve, Rodrigo justificou esses movimentos como “tumulto” e resumiu: “o que está acontecendo é que quatro ou cinco vereadores estão querendo tumultuar; estou tranquilo”, disse.
A reportagem perguntou se ele vai atender à demanda dos vereadores e pautar o projeto de antecipação da eleição interna da Câmara. Novamente, de uma forma breve e lacônica, sem dar maiores detalhes, Caldeira disse: “eles estão pedindo que se cumpra o regimento e eu vou cumprir o regimento”, finalizou.
Saulinho, por sua vez, detalhou para a reportagem o processo pelo qual a Câmara vive na sua perspectiva como vereador e partícipe do movimento que busca antecipar a eleição.
Esse assunto já vinha quente nos bastidores, mas se oficializou na segunda-feira (04) da semana passada, quando foi protocolado por 14 vereadores um requerimento em regime de urgência para mudar o art. 14 do Regimento Interno, que estipula o prazo para realização da eleição para Mesa Diretora. Na prática transfere do mês de novembro para julho.
O atual presidente vinha tentando articular um grupo para criar uma sucessão e manter um nível de influência, porém, o jogo virou, e a maioria dos vereadores ficou com Saulinho da Academia, que lidera o movimento de oposição a Caldeira.
O requerimento que altera da data de votação teria que ser votado na sessão de ontem (segunda-feira 11), por se tratar de um pedido de urgência, mas o grupo dos 14 afirma que o presidente está segurando projeto e atropelando o rito legislativo.
Segundo informou Saulinho, o presidente controla a Procuradoria que agarrou o projeto, entretanto, por se tratar de uma questão interna da Câmara, os próprios vereadores tem o poder de colocar em votação.
Segundo Saulinho, Caldeira está se comportando de maneira “autoritária” e renegando a função dos vereadores a “meros expectadores do Parlamento”. Ele ainda disse que Rodrigo age conforme sua vontade e citou: “outros requerimentos protocolados depois do nosso foram lidos no expediente, ou seja, dois pesos e duas medidas; está se achando o imperador na Câmara”, disparou.
Com a negativa em pautar o projeto que antecipa a eleição, Saulinho disse que o grupo protocolou uma determinação para uma sessão extraordinária: “é regimental porque foi feito pela maioria, meia hora depois já foi lido em plenário com o manifesto da Procuradora que pediu 24h de prazo para avaliação, tudo isso para o presidente ganhar tempo”, acusa Saulinho.
Por fim, o parlamentar ouvido pela reportagem disse que o grupo vai se reunir para decidir qual o caminho jurídico que será tomado para poder cobrar do presidente a votação: “nós não abriremos mão de ir até a última instância jurídica para fazer com que o presidente da Câmera cumpra o Regimento, ele está correndo risco até mesmo de deposição do cargo de presidente, já que são necessários 16 vereadores; está agindo igual o Eduardo Cunha fez em 2016 e ganhou destaque nacional pelos desmandos”, exaltou.
E completou: “o grupo tem o direito de escolher o próximo presidente, resguardando todos os direitos do mandato do atual dele [Caldeira] que vai até o dia 31 de dezembro desse ano; não queremos fazer uma eleição interna em meio a um cenário de eleições presidenciais e estaduais; é um período muito conturbado e com pouquíssimo tempo para fazer uma transição adequada e técnica”, finalizou Saulinho.
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