A repercussão das pautas em debate na Câmara da Serra está causando desconforto no plenário da Casa. Na sessão da última segunda-feira (7), discursos foram marcados por indiretas, após a aprovação do Projeto de Lei que concede tíquete-alimentação para os vereadores, proposta que recebeu 12 votos favoráveis e contou com a abstenção de sete parlamentares.
O vereador Wellington Alemão (PSC) não perdeu a chance de alfinetar os colegas. “Vejo que votei favorável [ao tíquete] e estou declarando meu voto. E vejo que as pessoas querem se esconder e não votar. Acho que tem que se posicionar. Se o jornal vai falar isso ou aquilo, se tivéssemos medo do que vão falar da gente não teríamos que entrar na vida pública”, provocou Alemão.
Já o vereador Fred aproveitou para comentar, em aparte. “Votei a favor, se tivesse que votar votaria de novo, sem problemas. Muitos colegas que não votaram têm vontade de receber também. Os que não votaram a favor, que devolvam”, afirmou.
Entenda:
Na segunda-feira (31), foi aprovado o Projeto de Lei 263/2022, que trata de tíquete-alimentação para os 23 vereadores. Apesar de não se revelado o valor no projeto, especula-se nos corredores da Câmara que seria de R$ 1.500 mensais para cada um dos 23 vereadores, inclusive os que não votaram.
Não votaram sobre o projeto os vereadores Alex Bulhões (PMN), Anderson Muniz (Podemos), Professor Rurdiney (PSB), Raphaela Moraes (Rede), William da Elétrica (PL), Pablo Muribeca (Patriota), Elcimara Rangel (PP)]. Além disso, o presidente Rodrigo Caldeira (PSDB) não vota; o presidente eleito Saulinho da Academia (Patriota) e Gilmar Dadalto (PSDB) não estava presentes na sessão.
O que dizem os vereadores:
Os vereadores que se abstiveram de votar foram procurados pela reportagem, apenas dois responderam que não vão ficar com o tiquete, Adriano Galinhao (PSB) e Anderson Muniz. (Podemos). “Fui contra o projeto mais infelizmente foi aprovado! Vou devolver em forma de cestas básicas para as famílias mais carentes”, disse Galinhão.
“Abro mão [do tíquete] sem problemas. Não sou a favor mesmo. Não assinei o projeto, muito menos votei a favor. Não tenho nenhum problema de abrir mão do benefício. Até porque não entrei na política pra viver das suas benécies. Vale lembrar que na minha campanha preguei por austeridade e economia dos gastos públicos”, comentou Anderson, que acrescentou: “Seria incoerente da minha parte aceitar qualquer benefício se estou cobrando ao prefeito para que tenha responsabilidade com o recurso em ralação ao Natal”, finalizou.
Outros vereadores que foram procurados não comentaram o assunto, não responderam aos contatos da reportagem.