Eci Scardini / Yuri Scardini
Mesmo com a greve dos caminhoneiros e os impactos decorrentes dela, a expectativa política na Serra também está voltada para a eleição da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores e as respectivas comissões permanentes. Marcadas para o próximo sábado (02), bem no meio do feriadão, a disputa nos bastidores está tão acirrada que poucos se arriscam a definir vencedores antecipadamente. Além disso, também não se descarta a hipótese de novas decisões judiciais até o dia da eleição, o que pode alterar o contexto e a ordem até então colocada, já que todo o processo político sofreu forte judicialização.
São dois grupos que se articulam em busca de agregar mais aliados e votos: o grupo governista, alinhado com o prefeito Audifax Barcelos (Rede) e a oposição, liderado pelo atual presidente, Rodrigo Caldeira (também Rede). Além do controle do processo legislativo para o segundo biênio (2019-2020), o próximo presidente será o responsável por gerir cerca de R$ 60 milhões.
Com o afastamento por suspeita de improbidade administrativa da vereadora Neidia Pimentel (PSD), ocorrido em março desse ano, a Câmara conta atualmente com 22 membros. Caldeira busca a reeleição e contabiliza 10 votos (incluindo o dele), enquanto o grupo do prefeito está fechado com 11. O vereador Luiz Carlos Moreira (MDB) é a incógnita. No plenário ele tem comportamento governista, tanto que é o líder do prefeito na Casa, mas quando o assunto é eleição de Mesa, o parlamentar vem escondendo o jogo e há relatos em ambos os grupos de que Moreira vem “flertando” com a oposição e governistas. Sem se identificar, vereadores afirmam que Moreira faz um jogo duplo, uma vez que a presidência pode “cair no colo dele”.
Aliados dos vereadores, relatam que os dois grupos encontram-se em locais distintos e mantidos sob sigilo para fugir das abordagens um do outro. Além disso, há a remota expectativa do retorno de Neidia, que em tese daria mais um voto para o grupo do prefeito, ou o do suplente Fabão, que em tese daria mais um voto para Caldeira.
“Na Serra, só não vi boi voar”
Mas como dizia o saudoso prefeito José Maria Feu Rosa: ‘na Serra eu só não vi boi voar’. Há a possibilidade de novas tratativas serem feitas até o dia 02 e ocorrer traições, ou mesmo debandas em bloco de vereadores, já que dentro da oposição e da base governista, há subgrupos formado por parlamentares que buscam viabilizar as melhores posições dentro das chapas eleitorais, e podem receber ‘propostas’ melhores do outro grupo. Além das questões políticas, existe também uma forte especulação da possibilidade de uma liminar conseguida na última hora junto à Justiça para adiar a eleição.