Uma tentativa de invasão acabou sendo frustrada pela sexta vez em um bairro da Serra. A insistência dos invasores acontece na região de Novo Horizonte conhecida como Parque do Jacaré que é cortada por uma nascente e por um córrego, que mesmo poluído por esgoto das casas próximas, flui para a área da Arcelor Mittal Tubarão, ajudando a alimentar o complexo de lagoas existentes dentro da área da siderúrgica, que por sua vez, é habitada por diversas espécies de animais silvestres.
Na manhã desta quarta-feira (21), a Fiscalização Ambiental da Serra esteve no local realizando trabalho de rotina e flagrou a nova tentativa, desmontando as primeiras construções. A segunda em menos de um mês. Moradores dizem que ação envolve criminosos que invadem para depois tentar vender os lotes.
De acordo com a Prefeitura da Serra, a Fiscalização de Meio Ambiente é quem faz o monitoramento no município para evitar ocupações irregulares. “Nesta ação, foram retiradas estacas usadas para demarcar os lotes. A Fiscalização continuará com o monitoramento para inibir novas tentativas de ocupação no local”.
O local é alvo de ataques de invasores há muitos anos e segundo informações de moradores da comunidade, as tentativas são constantes.
Um deles, que não quis se identificar por questão de segurança, lembrou do caso ocorrido entre 2001 e 2004, onde centenas de famílias foram encaminhadas para moradias populares em bairros da Serra.
“Numa das invasões, há cerca de quatro, seis anos mais ou menos, até prédio foi demolido. Foram 352 casas demolidas na ocasião, e os moradores encaminhados para conjuntos populares. Desta vez, também já tinham alguns barracos erguidos. Tem que ter fiscalização efetiva, porque se não tiver o pessoal invade mesmo e depois vende”, disse um morador que não quis se identificar.
Outro morador disse que tem gente até de outros estados tentando pegar uma ‘boquinha’ da área. “Tem gente de tudo que é lugar que possa se imaginar, tudo mundo quer uma ‘boquinha’. Conheço alguns que querem pegar para vender posteriormente. Assim como eles, muitas pessoas pensam e agem igual. Já presenciei até negociação de terreno nesse parque.Tem também quem precisa, mas este não é o caminho”.
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Uma moradora, que também preferiu ficar no anonimato, contou que na tentativa desmantelada nesta quarta (21), muitos lotes estavam demarcados e já haviam até início de construção de barracos. “A fiscalização nesse sentido é fraca. Só veem quando a situação já está pipocando. A comunidade quer o parque, mas nunca saiu do papel e agora o local vira palco de invasões, de descarte de lixo e de degradação”.
Sobre o Parque do Jacaré, na Serra
A ideia para o Parque do Jacaré, em 2008, era a construção de uma área de lazer para a comunidade, obra que nunca saiu do papel. A área de 60 mil metros quadrados teria pista para caminhadas, local para exercícios físicos e educação ambiental.
Segundo apuração do Tempo Novo, a área em questão é classificada como ZAP (Zona de Preservação Ambiental) e também APP (Área de Preservação Permanente), sendo assim, protegida por lei pelo Código Florestal Brasileiro.
O Parque do Jacaré fica na divisa com a ArcelorMittal e sua área começa na rua Quero Quero e segue até a o final da Rouxinol.
Para se ter uma ideia, numa ZPA podem ser construídos parques ecológicos, parques de ecoturismo, reservas florestais, além das áreas de recarga de aqüíferos subterrâneos e áreas marginais a cursos d’água, nascentes, olhos d’água, lagoas e outros reservatórios superficiais.