Desde o ano passado, a Prefeitura da Serra vem sendo alvo de muitas críticas por conta de obras realizadas pela gestão do ex-prefeito Audifax Barcelos (Rede). Acontece que muitas dessas construções foram entregues com qualidade duvidosa e apresentando diversos problemas estruturais. E para evitar que isso ocorra novamente, o atual prefeito Sergio Vidigal (PDT) promete criar um ‘selo de qualidade’ que as empreiteiras contratadas pelo Município terão que obter após o término das obras.
Dessa forma, a empresa vencedora da licitação entregará a obra ao Município, que fará uma criteriosa vistoria. Caso a qualidade do serviço feito não atenda as exigências contratuais, a obra precisará ser refeita – sem custos ao governo municipal. Sem os ajustes, a empresa contratada não terá direito ao ‘selo de qualidade’ e ficará proibida de participar de futuras licitações da prefeitura.
O anúncio foi feito pelo prefeito Sergio Vidigal durante entrevista exclusiva concedida ao TEMPO NOVO. Segundo ele, quase todas obras entregues há poucos meses por Audifax apresentaram problemas como, por exemplo, asfalto sendo levado por chuva, falta de equipamentos em arena esportiva e até desabamento de calçada e parte de pista na Rotatória de Maringá.
“Tem vários bairros da Serra onde foi feita a pavimentação, com menos de dois anos, e essa chuva que veio agora levou o asfalto inteiro. Estamos agora acionando as empresas que executaram as obras, exigindo delas que possam refazer as obras. O caso da rotatória de Maringá, a empresa, nós vamos botar o boleto lá para que ele possa honrar”, afirmou o chefe do Executivo.
Ainda segundo Vidigal, a proposta é criar uma fiscalização mais rígida, juntamente com o processo de certificação da Prefeitura da Serra que será concedida a boas empresas.
“Agora nós estamos propondo que nas novas obras do município, quando terminar, tem que ter uma certificação da prefeitura sobre a qualidade da obra, um selo de certificação de qualidade. Se [a empresa] não tiver o selo não recebe o restante e está proibido de participar de licitação de obras na cidade”, explicou.
O prefeito ainda disse que uma nova medida também trará mais transparência a população. Trata-se da disponibilização do andamento da obra, etapa por etapa, no site da Prefeitura da Serra.
“As nossas obras serão disponibilizadas on-line para a população, que vai ter acesso sobre em que etapa está a obra; quanto foi a licitação, quanto já executou. Está pronto para o acesso, inclusive com o QRcode. Vamos exigir que a cada placa da obra se tenha o QRcode. A pessoa pode saber o andamento da obra, quanto está custando, se tem aditivo”, disse.
E prosseguiu: “Vou dar um exemplo: se eu perguntar quanto custou o Hospital Materno Infantil; todo mundo acha que foi R$ 63 milhões, mais o aditivo. Mas ele custou R$ 118 milhões. Então hoje, entre o que falta do Governo Federal, recurso próprio e o que a empresa cobra de aditivo, falta pagar quase R$ 20 milhões da obra. Temos um aditivo, uma correção”.
Audifax foi irresponsável com o dinheiro público, diz Vidigal
Sobre a falta de vistoria e entrega das obras com baixa qualidade aos moradores, Vidigal acusou Audifax de ser irresponsável com o dinheiro público. Ainda deu exemplos de problemas estruturais já apresentados por construções entregues há menos de um ano. “A revitalização de Bicanga, o calçadão já caiu o pedaço. Na Talma, quando assumi, mais de 400 luminárias não estavam acendendo. Estamos terminando de executar o serviço para acender as luminárias”, destacou.
Vidigal também disse que todo gestor precisa ter consciência que o dinheiro é da população e, por isso, é necessário zelo com gastos.
“Acho que faltou por parte do gestor [Audifax] uma responsabilidade com o dinheiro público. Uma coisa: quem faz a obra não é o prefeito, é o município; não tem dinheiro meu nesse negócio, e nem do ex-prefeito. O dinheiro é do município; tem que ter cuidado com o que faz com o dinheiro público. Se faz correndo demais, não adianta, corre o risco de fazer mal feito. De repente o tempo de maturação, de acomodar o solo, depois vir com a primeira camada, tem seus prazos. Inauguramos a Arena Cultural e Esportiva Riviera; se tivesse competição [prevista] não iria poder acontecer, porque não tem o placar”, salientou.
Questionado sobre os problemas citados na Arena Riviera, Vidigal prosseguiu: “não tem placar eletrônico. Ele não tem condição de ter atividades para a finalidade para a qual foi feito. O grande problema do gestor é que ele colocou que o que vale na gestão é o portfólio de obras. Obra é uma coisa que você planeja. Muitos executam, outros deixam em andamento e o outro executa. O que se tem, na verdade, é avançar na qualidade dos serviços e para que as pessoas possam ter ascensão social. Me interessa trazer classe média, mas me interessa muito que a população que já estava aqui também tenha direito a essa ascensão”.
Por fim, disse que não adianta fazer muitas obras, enquanto outras áreas do município sofrem. “De repente estou feliz porque inaugurei 50 obras; mas vou ver meu IDEB [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica], piorou; vou ver a escolaridade da minha população, piorou; vou ver a renda média, piorou. Então, o que valeu isso?”, finalizou.
A reportagem tentou contato com a assessoria de imprensa do ex-prefeito Audifax Barcelos, mas não obteve retorno. Caso a demanda seja respondida, essa matéria será atualizada com as informações.