Aberto para atendimento a gestantes e recém-nascidos desde fevereiro de 2022, o Hospital Materno Infantil da Serra deve ganhar um Pronto-Socorro pediátrico no modelo porta-aberta 24 horas. A ideia do Governo é desafogar o Hospital Infantil de Vitória, que tem registrado grande demanda, além de ajudar a diluir a demanda que tem recaído nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da Serra, que se intensificou desde o fechamento do Pronto-Socorro do Hospital Jayme Santos Neves em 2020.
Quando o Hospital Materno Infantil foi municipalizado, a ideia era concentrar o local para o atendimento de grávidas e recém-nascidos, além da UTI infantil com regulamentação de vagas, ou seja, um hospital sem atendimento de demanda espontânea, recebendo pacientes apenas para transferência e por meio do Samu. No entanto, diante das dificuldades apresentadas pela superlotação das UPAs, que estão funcionando no limite da capacidade do município, o prefeito Sergio Vidigal e o governador Renato Casagrande negociam a abertura do Pronto-Socorro Infantil de porta aberta, o que seria o primeiro na história da cidade.
Vidigal disse para a reportagem do Tempo Novo que na semana passada houve uma reunião junto ao Governador Renato Casagrande e à Secretária de Saúde, da qual iniciaram-se as tratativas de abertura desse novo Pronto-Socorro. Segundo Vidigal, o combinado com o Estado era que, após inaugurado, o Materno Infantil fosse bancado 50% pelo Estado e 50% pela Prefeitura. No entanto, tendo como responsável pelo serviço a Prefeitura da Serra, exatamente não para ocorrer com o Materno Infantil. O que vem acontecendo com o Jayme e o Dório Silva, que apesar de estarem na Serra, o município não tem gerência nenhuma das unidades hospitalares, fazendo com que em muitos casos, pacientes da Serra sejam direcionados para internação pela central de vagas do SUS a hospitais no interior do Estado.
“Abrir um Pronto-Socorro Infantil é de nosso total interesse, mas precisamos que o Governo cumpra com o compromisso de custear 50%, assim como combinado em 2021. Atualmente, somente a Prefeitura da Serra está bancando o Hospital. Em 12 meses, fizemos mais de 4.500 partos. Somente em março desse ano, foram mais de 400. Tudo com recursos da Prefeitura e voltado para os moradores da Serra. Assim também queremos a ala pediátrica do Materno Infantil, da qual o Estado seja um parceiro, mas que o município tenha a gestão. Lógico que vamos atender quem precisar de atendimento, mas que seja da Serra, sem entrar na regulação estadual de vagas. Caso contrário, vamos continuar vendo situações em que serranos são mandados lá para Linhares se internar, muitas vezes sendo vizinhos de um Dório Silva ou do Jayme”, explicou Vidigal.
Caso seja concretizado, seria uma forma do Estado compensar a cidade pelo fechamento dos Prontos-socorros do Dório Silva (maio de 2013) e do Jayme (fevereiro de 2020), deixando a Serra sem nenhum hospital estadual de porta-aberta 24h desde então. Um levantamento interno do Tempo Novo revelou que de todas as cidades com mais de 500 mil habitantes no Brasil, apenas a Serra a cidade de Ananindeua, no Pará, não possuem um PS estadual de porta aberta. A Secretária Estadual de Saúde foi demanda e até o momento não houve retorno.