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Mestre Álvaro
Yuri Scardini é autor do livro 'Serra: a história de uma cidade' e escreve sobre política e economia

Vitória lidera o ‘turismo de saúde’ com destino à Serra

Crédito: Divulgação

A Serra possui o maior arranjo de saúde pública do Espírito Santo e, por isso, tem se tornado destino de muitos capixabas que buscam atendimento. Como o Sistema Único de Saúde (SUS) tem um caráter universal, o município não faz distinção da origem dos pacientes, garantindo o direito de acesso à saúde para todos.

No entanto, apesar da importância e necessidade dessa modelagem universalizada, do ponto de vista orçamentário, pode haver um descompasso financeiro. Isso ocorre porque, embora o SUS seja universal, os orçamentos municipais são limitados, o que gera desafios para a manutenção e ampliação dos serviços de saúde.

Com mais de 60 Unidades de Saúde, incluindo quatro Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) 24h, um hospital municipal infantil (o único do Espírito Santo) e sete regionais de saúde, a Serra foi a cidade capixaba que mais avançou na área da saúde pública nas últimas décadas.

Esse arranjo de saúde é mantido, em grande parte, pelos moradores da Serra, que pagam impostos, trabalham e movimentam a economia local, contribuindo para a arrecadação municipal. Esses recursos são reinvestidos em diversas áreas, com destaque para a Saúde, que, ao lado da Educação, recebe a maior parcela do orçamento público municipal.

Segundo dados do Tribunal de Contas, em 2024, a Serra aplicou R$ 374 milhões na saúde pública municipal, com recursos próprios, sem considerar convênios estaduais e federais. Esse valor representou 22,36% do orçamento municipal oriundo de impostos e transferências. Para efeito de comparação, no mesmo período, Vitória aplicou 17,98% do seu orçamento na área da saúde.

Com o avanço da estrutura de saúde na Serra, o município tem registrado um aumento no que pode ser chamado de “turismo de saúde”, ou seja, a vinda de pacientes de outros municípios em busca de atendimento na rede municipal da Serra, financiada e gerenciada pela Prefeitura.

Dados obtidos pela coluna mostram que esse fenômeno tem se tornado cada vez mais expressivo. Na UPA de Carapina, o maior número de atendimentos a pacientes de fora da Serra é de moradores de Vitória, um padrão que se repete de forma recorrente.

Em fevereiro desse ano, apenas na UPA de Carapina, foram realizados:

  • 394 atendimentos a adultos de Vitória e 77 pediátricos;
  • 177 atendimentos a adultos de Cariacica e 34 pediátricos;
  • 110 atendimentos a adultos de Vila Velha e 28 pediátricos.

Na prática, a Serra recebe pacientes de diversas partes do Brasil. Apenas na UPA de Carapina, dos 9.392 atendimentos realizados em fevereiro, 1.520 foram para pacientes de fora da cidade. Vale destacar que esse número corresponde a apenas uma UPA das quatro existentes na cidade, em um único mês.

Uma situação semelhante ocorre na UPA de Castelândia, onde, em fevereiro, foram realizados 14.198 atendimentos a adultos, dos quais 1.649 foram de pacientes de fora da Serra, representando 11,62% do total. Esse é um tema que precisa ser colocado em pauta, pois, à medida que a Serra avança na estrutura da saúde, cresce também o fenômeno do “turismo de saúde”.

As UPAs são as unidades mais procuradas, justamente por funcionarem com porta aberta 24h, sete dias por semana, realizando atendimentos de diversas complexidades, desde casos graves até situações que poderiam ser resolvidas em Unidades Básicas de Saúde (UBSs).

Esse debate se torna ainda mais relevante diante do projeto de construção de uma quinta UPA, prevista para a região de Nova Almeida, o que deve atrair pacientes das regiões litorâneas de Fundão e Aracruz. Ainda assim, o caso de Vitória é o mais emblemático, considerando que uma cidade com suas características orçamentárias e socioeconômicas não possuir uma UPA 24h representa uma grande discrepância no sistema de saúde pública capixaba.

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