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“Vivemos um surto de chikungunya e a Prefeitura da Serra age como se nada tivesse acontecendo”

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Vandinho Leite entrou com representação junto ao Ministério Público. Foto: Lucas Silva

O Deputado Estadual Vandinho Leite (PSDB) entrou com uma representação junto ao Ministério Público, na Promotoria de Justiça da Serra, por entender que a prefeitura tem descumprido a Lei de Acesso a Informação e Transparência, uma vez que estaria omitindo dados públicos referentes ao surto de chikungunya que tem atingido a cidade nos últimos meses.

Conforme denunciando pelo TEMPO NOVO, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesa) havia negado o envio de dados referentes à doença, que segundo especialista causa um grave surto na cidade. Em levantamento, o jornal identificou que até esta semana eram 1.100 moradores contaminados pela doença. No ano passado, a situação era bem diferente: 96 infectados. O que significa um aumento de 1.045%.

O aumento expressivo no total de infecções com relação ao ano anterior é um dos principais motivos para o pedido feito pelo deputado.

+ Serra tem surto de chikungunya, mas prefeitura se cala e nega repasse de dados

Em suas justificativas no documento enviado à Promotoria, Vandinho narra a gravidade na omissão dos dados por parte da municipalidade, pois segundo ele, além de soar inconstitucional, a postura do Executivo Serrano coloca em risco à saúde dos moradores.

“Ao omitir os dados à população a Prefeitura da Serra deixa de cumprir seu principal papel, que é o de cuidar das pessoas, dando a elas ciência da realidade e ampliando medidas preventivas ante uma doença muito complicada como a chikungunya”, disse.

Após denúncia, prefeitura se manifesta e divulga novos dados

Apesar de a situação ser complicada, a Prefeitura da Serra não havia se pronunciado oficialmente sobre o avanço da doença até a tarde da última terça-feira (24). No entanto, após o TEMPO NOVO denunciar que a Secretaria Municipal de Saúde (Sesa) havia negado o envio de dados referentes à doença e também com a representação de Vandinho, o Município se posicionou e atualizou o número de casos confirmados. Após quatro semanas de tentativas insistentes, a reportagem foi informada que a chikungunya segue se alastrando pela cidade.

Mesmo com o aumento de 1.045% e com infectologistas classificando a situação atual como surto, a Secretaria de Saúde enviou uma nota onde diz que a informação (sobre o surto) não procede. No entanto, confirma o avanço da doença através dos dados mais recentes. Segundo a pasta, até a tarde desta terça-feira (24), eram 1.100 moradores contaminados pela doença. No ano passado, a situação era bem diferente: 96 infectados.

Doença é grave e pode deixar lesões permanentes

Conforme informado anteriormente pelo jornal, Rubia Miossi, médica infectologista da Unimed, conversou com a reportagem e confirmou que toda a Grande Vitória, inclusive a Serra, enfrenta um surto da doença, mas segundo a especialista isso ocorre há meses. Ela ainda alertou sobre os perigos da doença, que causa sofrimento por um longo período para suas vítimas. Ainda segundo ela, a melhor prevenção é combater o Aedes aegypti.

“Na verdade, o Espírito Santo está vivendo um surto de chikungunya desde maio. Nós tivemos muitos casos agrupados em Vitória, Vila Velha e Serra. É um problema da Grande Vitória. São muitos casos. Em abril, meu consultório estava funcionando normal, mas não atendia coronavírus, e eu atendia chikungunya todos os dias. Eram uns cinco casos por semana. Se no consultório particular atende isso tudo por semana, nos pronto atendimento (público) era para ter muito mais. Só que as pessoas procuraram menos com medo da pandemia.”

Rubia também falou um pouco sobre os sintomas e tratamento da doença. “Sintomas são febre e dor articular e parece um caso de dengue inicialmente, mas a dor nas articulações é muito importante. Pode vir acompanhada de inchaço nas articulações, que é o edema. O tratamento desta doença deve ser feito com reumatologista, que vai acompanhar para saber se a artrite causada por essa doença não vai ficar pra sempre, pois tem esse risco: sequelas com problemas sérios por toda a vida”, disse.

Por fim, Rubia disse que moradores de comunidades onde mais possuem casos dessa doença, podem se cuidar utilizando repelente. “É fundamental. Tem que reaplicar o repelente conforme o fabricante orienta, dentro do prazo, que na maioria diz de duas em duas horas. As pessoas acabam esquecendo isso. Passam o produto e acham que nunca mais precisam usar de novo. Usando corretamente é um bom aliado.”

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