A desrealização é uma condição em que a pessoa sente que o mundo ao seu redor não é real, como se estivesse vivendo em um sonho. Essa sensação pode ser muito desconfortável e pode acontecer em momentos de estresse intenso, ansiedade ou após traumas. Embora a desrealização seja um tema importante na saúde mental, é fundamental refletir sobre como essa condição é vista e tratada na sociedade.
Nos últimos anos, temos visto uma tendência crescente de patologizar experiências que fazem parte da vida cotidiana. Isso significa que muitos sentimentos e comportamentos normais estão sendo rotulados como “transtornos mentais”. A desrealização, por exemplo, é frequentemente classificada como um transtorno dissociativo, mas essa abordagem pode ser problemática. Ao focar apenas nos sintomas, corremos o risco de ignorar as causas reais que podem estar por trás dessa condição.
A medicalização é outro aspecto importante a considerar. Isso acontece quando a solução para um problema é vista principalmente através da lente médica, geralmente envolvendo medicamentos ou diagnósticos formais. Quando alguém sente desrealização, muitas vezes é tratado com remédios que visam apenas aliviar os sintomas, sem investigar o que realmente está causando essa sensação. Isso pode levar a um tratamento superficial, que não aborda as questões mais profundas que afetam a saúde mental da pessoa.
É essencial lembrar que fatores sociais e emocionais desempenham um papel significativo na saúde mental. Estresse no trabalho, problemas financeiros e relacionamentos difíceis podem contribuir para a desrealização. No entanto, esses aspectos muitas vezes são deixados de lado quando se fala sobre tratamento. Em vez de apenas focar em medicamentos, precisamos considerar uma abordagem mais completa que leve em conta o contexto da vida da pessoa.
Uma alternativa mais eficaz seria promover ambientes de apoio onde as pessoas possam falar sobre suas experiências sem medo de serem rotuladas. Oferecer ajuda emocional e recursos para lidar com o estresse pode ser muito mais benéfico do que simplesmente prescrever medicamentos. Além disso, educar as pessoas sobre saúde mental e os riscos da patologização excessiva pode ajudar a reduzir o estigma em torno dessas condições.
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A desrealização é uma experiência complexa que não deve ser tratada apenas como um transtorno a ser curado com medicamentos. Precisamos olhar para as causas subjacentes e considerar o impacto do ambiente social na saúde mental. Ao fazer isso, podemos oferecer um suporte mais eficaz e humano para aqueles que enfrentam esses desafios.
E caso você não se sinta bem, e percebe que precisa de ajuda. Busque uma unidade básica de saúde (UBS) mais perto de você, ou um profissional de psicologia que poderá te acolher e auxiliar. Além disso, há serviços de apoio emocional como o CVV através o telefone 188 ou no site www.cvv.org.br.
Nilson Sant’Ana Aliprandi é Psicólogo Clinico – CRP 16/11049.
Psicólogo Humanista que realiza psicoterapia para adultos baseado na Abordagem Centrada na Pessoa. Também tem foco na prevenção do suicídio e autolesão, luto, negritude, LGBTQIAPN+, ansiedade, transtorno alimentar, depressão, autoconhecimento e etc.
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