Assistimos no último final de semana o desfecho do processo de admissibilidade do impeachment da presidenta Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados.
Em jogo pelo menos duas grandes teses: uma política, fundada em argumentos como a falta de legitimidade e governabilidade, bem como estelionato eleitoral; e outra jurídica, amparada no que ficou conhecida como ‘pedaladas fiscais’ (uso de recursos de instituições públicas, na forma de contratação de crédito indireta).
Baseado nas falas dos deputados, durante a votação nominal do processo, ficou bem claro que a tese política venceu a tese jurídica. Afinal, as ditas ‘pedaladas’ foram infinitamente menos citadas nos discursos que, por exemplo, as famílias dos nobres deputados – independente de quem é contra ou a favor do impedimento, é ponto pacífico que foi um verdadeiro show de horrores o que se viu.
Partindo do pressuposto político, então, algumas considerações precisam ser colocadas em discussão. Em primeiro lugar, conclui-se que o capital político da presidenta foi assentado em alianças precárias e/ou em falta de diálogo com alguns setores da sociedade civil organizada. Afinal de contas, em menos de 2 anos após sua eleição, viu-se que a força agregada pelos seus 54,5 milhões de votos se fracionou sensivelmente.
A composição da chapa vencedora é outro ponto relevante. Vale lembrar que foi alvo de divergências internas tanto no PT como no PMDB. Mostrou sua pior faceta, contudo, para o partido da estrela vermelha. O jargão político “ganhar perdendo” parece bastante apropriado nesse caso.
E a votação ainda teve um reflexo direto para o município da Serra. O anúncio da expulsão do Deputado Sérgio Vidigal dos quadros do PDT – por votar em desconformidade com a orientação de seu partido – pode trazer novidades. Caso se efetive haverá uma recomposição das alianças no município. Contudo, a relação pessoal entre Lupi e Vidigal há de ser considerada nas apostas sobre o desfecho desse novo capítulo.