O chefe de gabinete do prefeito Sergio Vidigal, Weverson Meireles (ambos do PDT), foi promovido a pré-candidato a prefeito para suceder Vidigal. Na esteira desse novo cenário, Meireles já está intensamente envolvido na articulação interna durante os estágios finais da formação das chapas. Vidigal, embora ainda participe de algumas conversas, tem dedicado mais atenção às questões administrativas do que às políticas.
A liderança de Meireles, junto ao grupo mais próximo de Vidigal, assumiu essa função, articulando com mais de meia dúzia de partidos, incluindo o próprio PDT e outras siglas satélites. O prefeito atua como um conselheiro que possui a palavra final, embora Meireles tenha obtido considerável autonomia nas negociações políticas.
Informações dão conta de que Weverson já dialogou diretamente com os principais grupos da Serra, sejam vereadores, deputados, presidentes de partidos, além de interlocutores do Governo do Estado, sob a coordenação do governador Renato Casagrande (PSB). Evidentemente, ainda faltam pouco menos de duas semanas para o fechamento das chapas — ou seja, muita coisa pode acontecer — mas há um sentimento de que Weverson tem desempenhado muito bem esse trabalho.
Montar chapas, especialmente tratando-se de muitos partidos e candidatos, é similar a desarmar uma bomba usando luvas de boxe. Requer muito equilíbrio e maturidade política para conseguir conciliar os diversos interesses políticos que se conflitam.
Mas, é um trabalho de extrema importância num contexto da Serra, já que trata-se de uma cidade com vasta extensão territorial e populacional, que se soma a necessidade de Weverson ser rapidamente reconhecido pela população em geral, tarefa que só é possível por meio da imprensa, das redes sociais e desse exército de pré-candidato entrincheirados nos diversos bairros.
Weverson já teve experiências passadas no processo de montagem de chapas de vereadores, tanto em 2016 quanto em 2020. A diferença é que dessa vez ele tem agido como principal condutor das articulação do grupo de Vidigal, sua autoridade como tal foi reconhecida e informações internas denotando boa sinergia com o meio político, autonomia nas decisões e uma preparação para a migração das responsabilidade centrais de pré-campanha, que até então estavam focalizadas no próprio Vidigal.
Até o momento, o mais prejudicado durante esse ‘vai e vem’ de montagem de chapas tem sido o deputado estadual Pablo Muribeca (Republicanos), que tem perdido pré-candidatos a vereador, tanto em decorrência das articulações de Weverson pelo PDT, quanto pelas do ex-prefeito Audifax Barcelos, do PP, que ganhou novo fôlego após o anúncio da desistência da possibilidade de reeleição de Vidigal.
A intenção continua sendo desmontar a estrutura política que circunda Muribeca, com o objetivo de vulnerabilizá-lo. Nesse contexto, os vereadores Professor Artur, Alex Bulhões e Anderson Muniz, que orbitavam Pablo, além de outros pré-candidatos sem mandato, já se desvincularam. Essa é a característica do jogo pré-eleitoral. Inclusive, durante o evento de lançamento da pré-candidatura de Weverson, ficou explícito que Muribeca se tornou um alvo, e o jovem candidato à sucessão de Vidigal tem sido o principal desarticulador do arranjo de apoios em torno de Muribeca, com significativa ‘ajuda’ de Audifax — apesar de ainda ser possível que ocorram mudanças, como já mencionado.
A pré-candidatura de Weverson atraiu o apoio de diversos partidos, além do próprio PDT: MDB, Podemos, União Brasil, Solidariedade e PSB, entre outras siglas que estão em stand-by, todo montados direta ou indiretamente com ajuda de Weverson e sob conselhos de Vidigal.
Weverson também foi o destaque político na sessão da Câmara da Serra na última segunda-feira (25). Após o vereador de oposição Igor Elson (PL) realizar um discurso de alto teor ideológico contra Weverson, o bolsonarista enfrentou quase uma “tropa” de parlamentares que se levantaram em defesa de Weverson, demonstrando boa articulação e comprometimento dos vereadores aliados com o pré-candidato a prefeito do jovem pedetista.
A expectativa é que, após esse período de intensa movimentação partidária que se encerra no início de abril, o pré-candidato escolhido por Vidigal redirecione seus esforços para a população. Também deve ser estabelecida uma linha de narrativa pré-eleitoral concisa, que, a princípio, parece ser de polarização com Muribeca (mesmo que ele não seja diretamente mencionado) no discurso que já marcou o lançamento da candidatura de Weverson: ‘renovação responsável versus irresponsabilidade’, com o uso específico da palavra ‘retrocesso’. Atualmente, não parece estar nos planos de Weverson fazer qualquer movimento contra Audifax.
Nos bastidores, Weverson já iniciou um trabalho de conciliação com os aliados externos de Vidigal, buscando criar uma unidade capaz de solidificar seu nome na disputa. Esse trabalho, aparentemente, foi bem avaliado nas primeiras semanas. O que se pode concluir desse período tumultuado é que Weverson se tornou uma realidade na pré-campanha eleitoral da Serra, desempenhando um bom papel na montagem das chapas e no início das negociações com os aliados do PDT.
